Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas (PF/AM) negou ter recebido uma denúncia do deputado federal e candidato à Prefeitura de Manaus, Amom Mandel (Cidadania), contra a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) em dezembro de 2023.
De acordo com a apuração da Revista Cenarium, que teve acesso ao Ofício 611/2024 emitido pela Corregedoria Regional da Polícia Federal, “não houve protocolo de nenhuma notícia de fato supostamente criminoso no Setor de Inteligência Policial desta Superintendência [do Amazonas]”. O documento afirma que não há qualquer procedimento investigatório aberto com base em uma “suposta denúncia feita pelo Deputado Federal Amom Mandel, envolvendo membros da cúpula da Secretaria de Segurança Pública”.
Essa informação contraria as declarações públicas do parlamentar, que afirmou ter recebido um dossiê contendo revelações sobre o envolvimento da SSP-AM com o crime organizado, o qual teria encaminhado ao órgão federal. Mandel alegou ter sofrido represálias por conta dessa denúncia.
Em resposta ao riosdenoticias.com.br, a assessoria de Amom Mandel afirmou que, em dezembro de 2023, o deputado comunicou diretamente ao superintendente regional da Polícia Federal no Amazonas, Umberto Ramos Rodrigues, sobre os fatos.
Segundo a assessoria, Rodrigues tomou as providências necessárias para que o núcleo de inteligência intensificasse o monitoramento das autoridades mencionadas no dossiê que Mandel recebeu.
Abordagem policial e escolta
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele declarou estar “sendo coagido há mais de quinze dias” em função da denúncia. O vídeo foi publicado em 6 de janeiro, dois dias após Amom ser abordado em uma blitz da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) durante a ‘Operação Impacto’ em Manaus.
A operação, deflagrada na capital amazonense em 4 de janeiro para combater o crime em áreas identificadas como “vermelhas” pela SSP-AM, gerou uma série de repercussões.
Na época, o secretário da SSP-AM, coronel Marcus Vinícius Almeida, afirmou que Amom foi abordado porque o veículo em que o parlamentar estava trafegava com as luzes desligadas e fazendo manobras irregulares na avenida Autaz Mirim, na zona Leste de Manaus. O coronel também negou qualquer relação entre a abordagem e a denúncia à PF, que meses depois confirmou também não ter recebido o dossiê.
Durante a abordagem, Amom se exaltou com os policiais e chegou a dar voz de prisão à guarnição envolvida. Na mesma noite, ele ligou para o secretário da SSP-AM, para relatar a situação e cobrar providências.
O incidente gerou repercussão nacional, levando Amom Mandel a solicitar escolta policial à Câmara dos Deputados, em 16 de janeiro, alegando perseguição após a suposta denúncia. O pedido foi atendido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que enviou ofício à Superintendência Regional da PF no Amazonas, destacando que o parlamentar estava sendo alvo de ameaças e constrangimentos ilegais, prejudicando suas funções.