Gabriel Lopes – Rios de Notícias
VENEZUELA – Após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de que Nicolás Maduro foi reeleito presidente da Venezuela, nesse domingo, 28/7, com 51,20% dos votos, o candidato opositor Edmundo Gonzáles Urrutia, que teve 44,2%, acusou o governo chavista de fraude. Com isso a tensão política no país aumenta.
A líder opositora María Corina Machado e seu candidato Edmundo González Urrutia se pronunciaram depois da divulgação dos resultados do CNE. Segundo ela, os dados divulgados são “impossíveis diante dos dados que estamos recebendo”.
No dia 17 de julho, durante um discurso em um dos atos de sua campanha à reeleição, Maduro afirmou que haveria um “banho de sangue” e uma “guerra civil fraticida” caso não vencesse as eleições, o que gerou repercussão internacional.
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Diante desse cenário que vive a Venezuela, onde o chavismo e a oposição alegam ter vencido as eleições presidenciais, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com um especialista que trouxe sua análise sobre o que esperar do processo eleitoral venezuelano.
Para o advogado e analista político, Carlos Santiago, a democracia não é somente caracterizada por se realizar eleições periódicas, mas é também pela consagração de eleições transparentes e limpas, em que o eleitor escolhe livremente os seus governantes, sem interferências.
“Então, a Venezuela tem que mostrar ao mundo que realizou eleições livres, limpas, transparentes e sem abusos do poder econômico, do poder político e do poder de mídia. Somente assim terá legitimidade diante da opinião pública internacional”, destacou o analista político.
Brasil
O Ministério das Relações Exteriores afirmou nesta segunda-feira, 29, que “saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração”. Por meio de nota, o Itamaraty ainda “reafirma o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”.
O texto finaliza afirmando que aguarda “a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. A declaração ocorre em meio a pressão internacional por um posicionamento do governo brasileiro.
Segundo Carlos Santiago, o Brasil pode contribuir juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), para que o resultado das eleições na Venezuela tenha legitimidade e siga os preceitos democráticos, sendo a preferência do eleitor respeitada.
“A sua opção pela oposição ou pela manutenção do presidente Maduro deve ser respeitada. A Venezuela é um estado soberano, deve decidir os seus rumos e cabe a todos torcer para que a Venezuela supere seus problemas econômicos e sociais, até porque quem mais sofre é a população pobre”, ressaltou o especialista.