Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A seca que atinge o Amazonas será sentida também no consumo do prato típico da região, visto que a mortandade dos peixes em decorrência do calor extremo tem afetado a vida de quem depende da venda do pescado para prover o próprio sustento. Além disso, a logística é o principal entrave com a redução dos níveis dos rios.
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o presidente da Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM), Walzenir Falcão, destacou que muitos pescadores estão enfrentando dificuldades para chegar aos locais tradicionais de pesca.
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“Estamos sendo severamente afetados pela grande seca e estiagem que ocorrem na Bacia Amazônica. Nosso setor necessita de locais de pesca com profundidade adequada para exercer a atividade, pois nossos barcos saem carregados com gelo, ração e todos os equipamentos necessários, além da tripulação.”
Walzenir Falcão, presidente Federação de Pescadores do Amazonas
“Enfrentamos dificuldades em várias localidades, como os rios Solimões, Juruá, Madeira e Canumã. Esses locais, como o Alto Solimões, envolvendo municípios como Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Santo Antônio são conhecidos por sua grande concentração de pescado“, explica Falcão.
O representante dos pescadores revela que muitos peixes estão morrendo sem oxigênio devido o calor. “Já estamos enfrentando mortandade de muitos peixes em alguns trechos dos rios, como no Solimões, especialmente próximo a Santa Antônio do Içá, além de Tefé, Japurá e Tapauá. A profundidade necessária para a navegação também está muito reduzida.“
Atualmente, o Rio Negro está a dois metros de atingir a maior seca já registrada em Manaus, quando atingiu 12,70 metros em 2023. De acordo com dados do Painel do Clima do Amazonas, o rio de águas escuras mede 14,30 metros, nesta terça-feira, 24/9.
Com a descida das águas em 22 centímetros, em média, o Rio Negro deve superar a seca histórica nos primeiros dias do mês de outubro, aponta especialistas.
Providências
A preocupação para a categoria, como ressaltou o pescador e representante Walzenir Falcão, seria a importância de uma ação mais efetiva com o governo do Estado para garantir apoio aos pescadores locais.
“Queremos registrar essa situação e estamos buscando interagir com o governo do Estado. Há cerca de um mês, tive uma reunião com o governador, na qual apresentei um documento solicitando que levássemos a questão ao presidente Lula“, afirmou Falcão.
No dia 10 de setembro, a Fepesca-AM entregou um documento em Manaus pedindo a criação de uma nova medida provisória que auxilie os pescadores, semelhante à MP 1192, que concedeu benefícios como dois salários mínimos, cestas básicas e água potável.
“Recebemos uma resposta no dia 12, do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informando que o documento está sendo analisado e foi encaminhado para o Ministério da Pesca e o Ministério da Previdência Social”, completou o presidente.