Caio Silva – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Alunos da Escola Estadual Dom João de Souza Lima, localizada na zona Norte de Manaus, denunciaram a realização da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), nesta terça-feira, 14/10, em salas alagadas, com goteiras e risco de acidentes elétricos.
Em vídeo enviado ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, é possível ver água escorrendo do teto próximo à fiação elétrica e a uma lâmpada ligada, o que, segundo estudantes, representou um perigo real durante a aplicação da prova.
“Quando terminei a prova, eu saí encharcada”, afirmou uma aluna. “Parecia que tinha chovido dentro da sala. A água caía perto da luz, podia ter dado um choque em alguém”.
Além das goteiras, a estudante relatou queda de energia elétrica durante o exame, o que teria atrapalhado ainda mais a concentração dos participantes. Segundo ela, vários colegas deixaram a sala molhados, e alguns não conseguiram terminar a prova com tranquilidade.
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Problemas estruturais são antigos
A aluna afirma que os problemas estruturais da escola são antigos e já foram relatados diversas vezes à gestão, mas nenhuma providência foi tomada.
“A gente reclama, mas eles dizem que não é com eles. Isso não atrapalha só os alunos, atrapalha os professores também”.
Ela ainda relata que a falta de manutenção predial é só um dos vários problemas enfrentados pelos estudantes, que também lidam com a falta de professores, má qualidade da merenda e gestão ausente.
Falta de aulas e ausência do diretor
De acordo com a denúncia, é comum que não haja aula em alguns períodos por falta de professores. A estudante afirma que a ausência constante de docentes compromete o aprendizado e transforma a rotina escolar em desorganização.
“Quase todo dia falta professor, e a escola vira uma bagunça”, disse.
Além disso, a gestão da escola é criticada pela ausência do diretor, identificado como Joaquim Ferreira Nascimento Neto, que segundo alunos e professores, raramente aparece na unidade. Ele estaria afastado por conta de compromissos com um curso de doutorado, o que estaria prejudicando a condução administrativa e pedagógica da escola.
Professores também denunciam perseguições e assédio
No início deste mês, professores da escola também denunciaram ao riosdenoticias.com.br um clima de assédio moral, perseguição a servidores e gestão autoritária.
Segundo os relatos, servidores que discordam da atual administração estariam sendo afastados ou perseguidos, e há registros dessas denúncias tanto na Ouvidoria da Seduc quanto no Ministério Público, sem que até agora tenha havido retorno ou providência.
“O ambiente de trabalho está tomado pelo medo e pela omissão da Seduc. A escola está abandonada pela gestão”, afirmou um professor, sob anonimato.
Procurada pelo reportagem sobre as denúncias dos professores, a Secretaria de Estado de Educação do Amazonas informou que os casos relatados estão sendo acompanhados e que foram instauradas sindicâncias e abertos processos administrativos disciplinares para apurar as denúncias.
Merenda precária e falta de transparência
Outro ponto citado pelos estudantes é a má qualidade da alimentação escolar. Segundo a denúncia, a merenda servida quase todos os dias é apenas mingau, o que não seria suficiente para suprir as necessidades nutricionais dos alunos.
A aluna também questiona a falta de transparência no uso de recursos arrecadados com a comunidade escolar. Estudantes estariam pagando mais de R$ 200 para formaturas e vendendo rifas para eventos, mas não houve prestação de contas da gestão sobre os valores arrecadados.
“Eles já arrecadaram mais de R$ 2 mil e ninguém sabe o que foi feito com esse dinheiro”, afirma.
O que dizem os órgãos responsáveis
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc) e com a direção da Escola Estadual Dom João de Souza Lima, a qual respondeu 16 dias após a veiculação da reportagem, e afirmou que o caso foi enviado para a Seduc.
“Em relação ao vídeo, essa situação foi no dia da chuva forte que teve. As demandas já foram encaminhadas para a SEDUC e estamos no aguardo dos reparos solicitados”, disse.











