Redação Rios
MANAUS (AM) – Após dois lideres religiosos serem presos por suspeitas de compra de votos a um dia das eleições, o inquérito policial revela que ambos alegaram em depoimento que receberam R$ 38 mil de um aliado direto do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), para distribuição entre pastores e obreiros. As prisões ocorreram na manhã de sábado, 26/10.
Conforme o inquérito policial, ao qual o Portal RIOS DE NOTÍCIAS teve acesso, Flaviano Paes Negreiros e Werter Monteiro Oliveira, ambos pastores, são apontados pela Polícia Federal como os apoiadores e responsáveis pela compra de votos, que ocorria no centro de convenções de uma igreja. Um terceiro suspeito teria fugido do local durante a ação policial.
Ao chegar ao local, os policiais federais se depararam, de acordo com o inquérito, com uma quantia fracionada em envelopes brancos numerados, com valor total de R$ 21 mil. Uma lista de presença com 50 assinaturas de eleitores também foi apreendida. Aqueles que “votassem em Manaus” deveriam comparecer a igreja, conforme mensagem que a PF teve acesso.
Em seu interrogatório, o pastor Flaviano afirmou que a reunião foi motivada pela recepção de uma oferta no valor de R$ 38 mil em espécie, doado por um “irmão da igreja”, cujo o nome ele se recusou revelar, mas que estaria ligado a campanha de David Almeida.
Por sua vez, o pastor Werter Monteiro confirmou que os valores foram recebidos na noite anterior, e que a oferta veio de alguém chamado “Eliezer”, envolvido com a campanha do atual prefeito de Manaus. Segundo ele, os valores foram destinados a ajudar pastores e obreiros com despesas de uma convenção religiosa, marcada para a semana seguinte.
Ambos negaram que tinham o objetivo de comprar votos para David Almeida, e que usaram a expressão “votar em Manaus” na convocação, para restringir a participação apenas aos pastores que votam na capital amazonense, pois não seria viável convocar os líderes do Interior.
“Os presos poderão responder pelo crime de corrupção eleitoral em liberdade, após pagamento de fiança”, alertou a PF. “A compra de votos é crime previsto no código eleitoral, que prevê pena de até quatro anos de reclusão, mais pagamento de multa“.
A fiança foi arbitrada em R$ 15 mil reais para cada um dos indivíduos. Conforme o inquérito policial, ambos os indivíduos presos em flagrante efetuaram o pagamento do valor para a unidade da Polícia Federal, e devem ser liberados.