Redação Rios
BRASIL – O ministro da Justiça, Flávio Dino, chamou candidatos da extrema-direita de “monstros” e “aberrações”. Sem citar nomes, ele argumentou que políticos com esse posicionamento só chegam ao poder com o apoio de lideranças de centro e liberais, que, posteriormente, se arrependem da aliança.
“A história mostra: em eleições, os monstros de extrema-direita só chegam ao poder quando o centro e os liberais caminham com as aberrações. E quando o fazem, se arrependem”, afirmou no Twitter na segunda-feira, 14/8.
Um dia antes, no domingo, 13, o economista Javier Milei, 51 anos, venceu as prévias argentinas, as PASO – Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias -, que são um termômetro para a disputa presidencial no país. Milei recebeu apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enviou um vídeo para o argentino em que afirma existir semelhanças entre os dois.
Com 97% das urnas apuradas, Milei obteve 30,4% dos votos, seguido da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%). Na Argentina, além de atuar como um termômetro para a disputa presidencial, as prévias definem as chapas que vão concorrer à eleição presidencial do dia 22 de outubro.
Semelhanças entre Bolsonaro e Milei foram traçadas desde o momento em que o argentino, até então parlamentar do Congresso, decidiu disputar as eleições presidenciais. Milei segue a mesma fórmula usada pelo ex-presidente brasileiro na campanha eleitoral de 2018: discursos contrários à esquerda. Bolsonaro se colocou contra petismo no Brasil, e Milei contra o kirchnerismo na Argentina, num posicionamento para se diferenciar de todos que já passaram pelo poder e defesa do livre mercado, da desregulamentação do comércio de armas e da ideia de “liberdade”.
Os dois políticos se apresentaram como candidatos à Presidência em momentos estratégicos em seus respectivos países. Assim como Bolsonaro fez em 2018, Milei se coloca como o candidato que será responsável pelo rompimento com o “sistema político tradicional”.
Assim, a insatisfação popular dos eleitores com os governos vigentes e a situação da economia serviram de munição para os dois candidatos nas campanhas de oposição e fizeram com que Bolsonaro e Milei saíssem da posição de desconhecidos ou pouco conhecidos pelo eleitorado e chegassem aos primeiros lugares na pesquisas eleitorais.
Além da dolarização da economia do país, Milei propõe o fim da educação gratuita e obrigatória, que seria substituída por um sistema de vouchers; uma gradual privatização do sistema de saúde; e o fim da educação sexual obrigatória – uma das pautas de costumes também defendida pelo ex-presidente brasileiro.
*Com informações da Agência Estado