Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Marina do Davi é um terminal fluvial que recebe diariamente turistas e passageiros, situada na zona Oeste de Manaus, no bairro Ponta Negra. No entanto, a severa seca que assola o Amazonas transformou radicalmente a paisagem local e intensificou os problemas enfrentados pela comunidade.
Com a redução do nível da água, pedras que normalmente ficam submersas agora estão visíveis. A estiagem deste ano complica a vida de quem vive e trabalha na região. Raimundo Augusto, de 60 anos, operário da construção naval, enfrenta dificuldades para transportar seus materiais. A situação foi tão crítica que a comunidade precisou construir uma longa ponte de madeira improvisada no local.
“A logística para transportar todo o material é complicada. É muito difícil carregar ferramentas, que são essenciais para o nosso trabalho. Houve uma época em que prometeram uma reforma na Marina do Davi pela prefeitura, mas até agora nada foi feito. Quando há reforma, somos nós mesmos que fazemos, como foi o caso da ponte de madeira“, afirma o construtor naval.


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O lixo e a sujeira estão espalhados por toda parte, mesmo com a presença de um coletor de materiais descartáveis. A falta de banheiros químicos e de um poço para fornecimento de água potável agrava a situação. O canoeiro Raimundo Andrade relata que nunca viu a situação tão intensa assim.
“Está tudo muito complicado. Esta é a terceira grande seca desse porte nos 30 anos em que estou aqui. A alimentação está difícil para os moradores das comunidades, que dependem das compras feitas aqui para levar para o outro lado do rio. Os canoeiros estão trocando de motores e comprando tudo que é necessário para continuar atendendo a comunidade, já que as lanchas grandes com motores potentes estão paradas, não conseguem navegar”, explica Andrade.


Miquéias Lopes, de 26 anos, morador e vendedor na praia da Lua, próxima à marina, destaca que, em comparação ao ano passado, a situação de trabalho só piora. Ele precisa atravessar diariamente a longa ponte de madeira improvisada para vender seus produtos.
“As madeiras do outro lado foram compradas pelo pessoal da Marina. A estrutura da ponte é improvisada e já está desgastada. Gostaríamos de melhorias, preferencialmente com madeira nova, para facilitar o acesso às nossas residências flutuantes e ao trabalho na Praia da Lua”, destaca Miquéias.


Ele também menciona que a estiagem impactou seu orçamento e o de várias famílias da região, devido à queda no número de turistas. “Estamos parados. O lucro que tínhamos com as vendas caiu drasticamente. Hoje, trabalhamos para sobreviver, apenas para garantir o alimento que compõe a nossa cesta básica. Está bastante difícil”, desabafa o vendedor.
O portal Rios de Notícias entrou em contato com a Prefeitura de Manaus a fim de saber o que será realizado em relação às pontes improvisadas e a limpeza do local e, até o momento, aguarda retorno.