Vitória Freire – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O deputado Daniel Almeida (Avante), um dos três parlamentares mais ‘faltosos’ em 2023, propôs um Projeto de Lei (PL) visando estabelecer um cardápio vegetariano nas escolas estaduais do Amazonas, através do ‘Programa Merenda Escolar Vegetariana’.
Caso a propositura seja aprovada pela Assembleia Legislativa (Aleam), o programa atenderá todos os alunos que optarem pela alimentação vegetariana, “cabendo aos pais ou responsáveis formalizar esta opção frente à direção da escola”.
As despesas resultantes da implementação desta Lei, conforme estipulado pelo artigo 5º do projeto legislativo, “correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário”. No entanto, não foram fornecidas estimativas de custos para a execução do programa.
No texto do Projeto, Daniel Almeida também afirma que o cardápio será desenvolvido por um profissional nutricionista e reforça que o programa “busca com essa alimentação vegetariana a capacidade de fornecer os nutrientes que necessitamos para termos saúde e longevidade”.
Risco nutricional
A médica nutróloga Evelyn de Paula enfatiza, entretanto, a importância de analisar o Projeto de Lei com cautela, ressaltando que as proteínas de origem vegetal não oferecem os mesmos benefícios à saúde que as de origem animal.
“A dieta vegetariana pode acarretar deficiências nutricionais, como deficiência de vitamina B12 e ferro de alta biodisponibilidade. Para muitas crianças, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, a refeição escolar representa a principal fonte de nutrientes, incluindo proteínas de alto valor biológico encontradas em alimentos de origem animal, como carne de boi, de porco, peixe, frango e ovos”, explica.
A nutróloga também chama atenção para o mito de que a carne é prejudicial à saúde. “Na verdade, são os produtos industrializados, o consumo excessivo de carboidratos e o açúcar que representam maiores riscos”, destaca a profissional.
Dieta amazônica
A médica nutróloga Evelyn de Paula também reforça que na região do Amazonas, onde o peixe é abundantemente disponível, apresenta benefícios nutricionais significativos ao incorporar o alimento à dieta das crianças, somado a outras fontes de proteína também animal, como carne bovina, suína, frango e ovos.
“Crianças estão em fase de desenvolvimento físico acelerado e suas demandas nutricionais não deveriam ser obtidas apenas de alimentos de origem vegetal. Peixes, como sardinha e jaraqui, oferecem uma densidade calórica ideal, rica em gorduras benéficas como o ômega-3, que contribuem para a saúde cognitiva, melhora do aprendizado e saúde geral das crianças. A carne vermelha, considerada um verdadeiro polivitamínico natural, também é a melhor fonte de ferro e de vitamina B12 para essas crianças, além de ser rica em zinco, que ajuda no fortalecimento da imunidade, deixando-as menos vulneráveis a infecções infectocontagiosas, tão recorrentes nesta fase da vida”, detalha a nutróloga.
Considerando que o Projeto de Lei não prevê a obrigatoriedade da dieta vegetariana a todos os alunos, Evelyn destaca, igualmente, a importância de um investimento direcionado à educação em saúde, caso a referida lei entre em vigor.
“É importante mostrar, de maneira clara aos pais e responsáveis, os prós e contras dessa dieta [vegetariana], cabendo a eles a melhor decisão a respeito da como deve ser a alimentação de seus filhos”, defende a especialista.
Sem salários
Enquanto o deputado Daniel Almeida propõe a implementação do “Programa Merenda Escolar Vegetariana” na rede estadual de ensino sem detalhar os custos envolvidos, funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza das escolas estaduais enfrentam atrasos nos pagamentos de salários há quatro meses.
Na manhã desta terça-feira, 27/2, os funcionários terceirizados expressaram sua indignação na galeria do Plenário Ruy Araújo, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). Este não é o primeiro protesto da categoria sobre a questão.
Em novembro do ano passado, eles já haviam se manifestado devido ao atraso nos pagamentos de salários e benefícios pela empresa Porto Serviços de Manutenção e Construção, contratada pelo Governo do Amazonas – o que resultou em uma manifestação em frente ao Fórum Henoch Reis, situado na zona Sul de Manaus.
Na ocasião, os funcionários terceirizados relataram que a empresa Porto Serviços justificou o atraso no pagamento dos salários alegando não ter recebido o repasse financeiro correspondente ao contrato firmado com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).