Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Parlamentares do Amazonas repudiaram quase que por unanimidade as falas da ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, contra a pavimentação da BR-319, durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs, no Senado Federal.
A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) lançou uma nota assinada por todos os deputados estaduais. Deputados federais e a Câmara Municipal de Manaus (CMM) também rebateram o posicionamento da ministra, que se “mostrou intransigente e contrária à recuperação da rodovia da BR-319”, diz o documento.
A nota da Aleam destaca que Marina Silva não reconhece a “importância social e econômica da estrada” descrita pelos parlamentares como “essencial” para retirar o isolamento rodoviário da região, o qual conforme a nota reduz o principal pleito de todos os amazonenses a uma “vontade de passear de carro”.
“Esta Casa já emitiu uma Moção de Repúdio contra tal intransigência, anteriormente, e continuará sempre se posicionando todas as vezes em que nosso Estado for prejudicado. A BR-319 é pauta prioritária desta Casa”, diz a nota.
A ministra Marina Silva foi ouvida, na segunda-feira, 27/11, na CPI das ONGs para esclarecer a respeito de seu envolvimento com Organizações Não Governamentais que atuam na Amazônia.
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Na sessão, ela defendeu que não há necessidade de reconstruir uma estrada que não esteja associada com um projeto produtivo. A fala desagradou grande parte dos parlamentares do Amazonas que defendem a pavimentação da BR-319.
“Não se faz uma estrada de 400 quilômetros no meio de floresta virgem apenas para passear de carro se não tiver associada a um projeto produtivo” banalizou Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima
Marina também frisou que a pavimentação da BR-319 não foi feita pois é uma estrada de “difícil viabilidade econômica”.
“A viabilidade social, não tenho dúvida de que as pessoas querem o direito de ir e vir, mas a viabilidade econômica e ambiental, a não ser que seja para converter as áreas de mais de 400 quilômetros de floresta virgem em outro tipo de atividade, não tem viabilidade”, pontuou a ministra.
O senador e relator da CPI das ONGs, Plínio Valério (PSDB), rebateu a ministra Marina Silva sobre a pavimentação da BR-319 ao afirmar que o Estado “declara sua incompetência” quando alega que a pavimentação da estrada causaria mais desmatamento na floresta.
“No Amazonas preservamos 97% da nossa floresta. A forma como a senhora fala parece que a BR-319 vai desmatar se derrubar uma árvore no trajeto que existe. A estrada já está pronta. Agora no verão está passando mais de 100 árvores diariamente. ‘Ah vai derrubar’, é o Estado declarando a sua incompetência e inoperância. Hoje tem desmatamento no inverno e ninguém vai lá para coibir. Se houvesse asfalto chegaria”
Plínio Valério, relator da CPI das ONGs
Passear de carro?
Na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o presidente da Casa, vereador Caio André (Podemos), também repudiou em nome de todos os parlamentares da 18ª Legislatura a fala da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que durante depoimento na CPI das ONGs, no Senado Federal, proferiu falas que demonstraram, mais uma vez, seu posicionamento contrário à recuperação da BR-319.
É preocupante que a ministra refira-se à rodovia, fundamental para tirar o Amazonas do isolamento, como uma estrada que serviria apenas para “passear de carro”. A BR-319 é essencial para promover o progresso econômico e social do Amazonas e esta Casa Legislativa lutará pela pavimentação total da rodovia, assinalou Caio André, presidente da Câmara Municipal de Manaus.