Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A qual custo a limitação da imprensa pode influenciar os resultados de uma eleição? O bloqueio recente de diversos sites de notícias independentes pelo presidente Nicolás Maduro às vésperas da corrida eleitoral na Venezuela, na terça-feira, 23/7, coloca ele em familiaridade com regimes autoritários ao redor do mundo.
O medo da liberdade de expressão induz ao ato de censura não apenas dos cidadãos às informações críticas, mas também ilustra como regimes autoritários percebem a imprensa livre como uma ameaça direta à sua permanência no poder, isso é o que aponta especialistas ouvidos pelo riosdenotícias.com.
Segundo a cientista política e jornalista Liége Albuquerque, a imprensa desempenha um papel fundamental na democracia, sendo o canal do qual as vozes da população são disseminadas. “Como é que a gente une a voz do povo? É com algum texto lido no rádio, ou na televisão, ou na internet, que você consiga colocar as ideias das pessoas“, salienta.
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“Maduro, ao contrário do que muita gente aponta, é um ditador, e essa decisão recente de seu governo na Venezuela é mais um sinal de que ele realmente é um político autoritário. E isso é muito deprimente de observar.”
Liége Albuquerque, cientista política e jornalista
Na Venezuela, o bloqueio de sites críticos como Tal Cual, El Estímulo e outros não é um caso isolado em repúblicas. O esforço deliberado para controlar as informações e restringir o acesso delas à população é visto sem precedentes em países como Coreia do Norte, Arábia Saudita e até mesmo Cuba.
O histórico brasileiro
A história do Brasil e de outros países latino-americanos está marcada por períodos de censura e repressão à liberdade de imprensa, como durante a ditadura militar. “Na época não tinha internet e, na verdade, grande parte dos meios de comunicação, inclusive o Estadão, publicava receitas de bolo para indicar que aquele conteúdo foi censurado.“
“As receitas eram códigos, e mostravam que aquilo tinha sido censurado, então tinha esse tipo de sutilidade na época, e as empresas de comunicação não se sentiam bem sendo censuradas, obviamente”, reitera a jornalista.
A especialista destaca que a resistência à esse tipo de censura como bloqueio a sites, podem ser revertidos com “uso de tecnologias para burlar bloqueios de internet, além do ressurgimento de práticas antigas, como a distribuição de jornais impressos em locais públicos“, observa.