Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um dos temas mais debatidos nos bastidores políticos do Amazonas é a possível saída do governador Wilson Lima (União) para disputar o Senado. Esse cenário foi abordado pelo vice-governador Tadeu de Souza (Avante) durante entrevista ao jornalista Cláudio Barboza, do Portal Único, publicada no domingo, 29/12.
Tadeu esclareceu que, conforme a legislação, ele assumirá o governo caso Wilson se candidate ao Senado. No entanto, revelou não ter discutido o assunto com o governador, apontando um afastamento que começou durante as eleições, quando o vice-governador tirou férias para atuar como coordenador geral da campanha de David Almeida.
“Eu estou na linha de sucessão do Poder Executivo e, por mandamento constitucional, assumiria como governador caso o Wilson saísse como candidato ao Senado. Porém, não conversamos nada sobre esse assunto. Inclusive, faz algum tempo que eu não converso com ele. Houve um certo distanciamento, alguns meses antes do início do período eleitoral de 2024″, afirmou Tadeu.
O vice-governador negou que o distanciamento tenha partido dele. “Não partiu de mim. Eu evito misturar a política partidária com as atividades institucionais da vice-governadoria”, disse, enfatizando que nunca se opôs ao governo ou aos membros do secretariado. “Jamais fui hostil a qualquer membro do secretariado do governo e ao próprio governador. Mesmo assim, desde os embates eleitorais, minha posição na agenda institucional foi praticamente esvaziada.”
O cenário sugere que Tadeu foi colocado à margem do governo, especialmente após o racha político entre o prefeito de Manaus e o governador.
Futuro político
Ao ser questionado sobre sua trajetória, Tadeu destacou estar preparado para continuar servindo ao interesse público, mas deixou claro que sua atuação depende do grupo político ao qual pertence.
“Me sinto preparado para seguir trabalhando em favor do interesse público, seja num cargo eletivo ou não. Isso quem decidirá é a conjuntura político-partidária avalizada pela população. Não tenho projeto político individualizado, com pretensões messiânicas. Mas tenho um grupo político forte, e esse grupo comanda a maior cidade do Amazonas”, afirmou.
Tadeu relembrou sua entrada na política, motivada por uma aliança entre David Almeida (Avante) e Wilson Lima (União). Ele foi indicado pelo grupo do prefeito como vice na chapa do governador em um gesto de confiança. No entanto, essa aliança se rompeu em 2024, quando David escolheu um vice do próprio grupo e Wilson apoiou Roberto Cidade (União) para prefeito.
Nova candidatura ao governo
Questionado sobre uma possível candidatura ao governo em 2026 e a relação com o senador Omar Aziz (PSD), Tadeu demonstrou cautela. Ele destacou sua relação positiva com Omar, apontando o papel do senador na defesa da Zona Franca de Manaus durante a regulamentação da reforma tributária.
“A minha relação com o senador Omar também é cordial e institucional. Ele, assim como o senador Eduardo Braga e demais membros da nossa bancada federal, desempenhou um papel determinante para a manutenção da competitividade da Zona Franca de Manaus na regulamentação da reforma tributária”, destacou.
Sobre articulações para 2026, Tadeu afirmou que é cedo para decisões e reiterou a importância do eleitor e de seu grupo político. “Qualquer decisão nesse sentido deverá partir do grupo político do qual faço parte” e acrescentou “Quem manda é o eleitor”, concluiu.