Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/AM) divulgou na quarta-feira, 15/10, os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), que revelam desaceleração gradual e sinais de estagnação no comércio varejista do Amazonas em 2025.
Em agosto, as vendas do varejo no estado caíram 0,3%, marcando o segundo mês consecutivo de retração e indicando enfraquecimento do setor.
“Manaus, como principal centro comercial do Estado, é fortemente impactada por três fatores: renda real estagnada, quando os salários não acompanham a inflação acumulada; endividamento familiar elevado, momento em que o cartão de crédito e o crédito consignado comprimem a renda disponível; e o alto custo de vida, com energia, transporte e alimentação pesando muito no orçamento das classes C, D e E, que dominam o consumo local”, avaliou o consultor financeiro Alon Hans, em entrevista ao Rios de Notícias.

Oscilações e perda de fôlego
Desde março, o varejo amazonense tem mostrado forte volatilidade: após crescer 4,0% em fevereiro, registrou queda de 5,6% em março. Nos últimos cinco meses, três apresentaram retração, o que demonstra falta de dinamismo e incertezas no consumo local.
De janeiro a agosto de 2025, o setor acumula alta de 1,6%, e 2,8% nos últimos 12 meses. Apesar do crescimento, o ritmo tem diminuído desde o pico de 5,5% em fevereiro, o que sinaliza possível estagnação ou retração até o fim do ano.
“O mercado de trabalho informal no Norte, que supera 55%, cria instabilidade na renda. Além disso, pesquisas recentes da CNC mostram queda na confiança do consumidor. O amazonense tem priorizado apenas o essencial, evitando comprometer o orçamento com bens duráveis. Tudo isso reflete o atual cenário econômico”, destacou Hans.
Amazonas cai no ranking nacional
O Amazonas ocupa o 17º lugar no ranking nacional de variação anual do varejo até agosto. O Amapá (+7,1%) e Santa Catarina (+6,0%) lideram a lista. No mesmo período, 11 estados registraram queda, enquanto o Rio Grande do Norte teve o melhor desempenho mensal, com alta de 2,6%.

Cenário exige atenção do setor
O comércio varejista amazonense começou o ano em alta, mas os dados mais recentes indicam cautela por parte dos consumidores e possível retração na demanda local. De acorco com o especialista, a instabilidade dos índices mensais, somada às quedas consecutivas, acende um alerta para empresários, investidores e formuladores de políticas públicas.
“O Amazonas enfrenta uma desaceleração influenciada por juros altos, inflação, endividamento das famílias e impactos no Polo Industrial. Ainda assim, há potencial de recuperação, desde que haja estímulo ao consumo consciente, geração de empregos, educação financeira e redução de custos logísticos e tributários”, concluiu o consultor.











