Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nas assembleias realizadas nos seis campi da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), os professores votaram contra a adesão à greve, com 251 votos contrários, 155 favoráveis e 10 abstenções. Além de Manaus, a decisão foi tomada em reuniões que ocorreram na tarde de quinta-feira, 9/5, nas unidades de Coari, Benjamin Constant, Humaitá, Itacoatiara e Parintins.
Em Manaus, dos 309 professores presentes na assembleia, 102 foram a favor da greve e 207 votaram contra. Em Benjamin Constant, nenhum dos 11 docentes presentes votou a favor e no município de Humaitá, 29 docentes se manifestaram favoráveis e nenhum contra.
Já em Itacoatiara, dos 26 presentes, 15 votaram contra e 11 a favor. Em Coari, houve 4 votos a favor, 6 contra e 1 abstenção. Por fim, em Parintins, 11 foram a favor, 12 contra e 2 se abstiveram.
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O diretor da Faculdade de Artes da Ufam, João Gustavo Kienen, em entrevista exclusiva ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS nesta sexta-feira, 10/5, comentou sobre a decisão.
“A assembleia foi realizada no auditório que fica na Faculdade de Ciências Sociais. Estava muito cheia, lotada. Houve algumas manifestações, mas foi uma reunião bastante organizada e a grande maioria escolheu pela não adesão à greve”, descreveu.
Kienen destacou que a decisão foi motivada por diversos fatores. “A decisão pela não adesão à greve foi para não prejudicar um calendário letivo que já está prejudicado desde o período da pandemia. Desde que voltamos, nós estamos desenvolvendo três períodos por ano, praticamente, e tem sido bastante pesado”, explicou.
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Além disso, a preocupação com a imagem da universidade perante a sociedade, a evasão significativa de alunos e a manutenção do calendário letivo também foram mencionadas como razões para a decisão.
“A evasão é bem significativa e a greve poderia agravar. Queremos garantir a permanência dos alunos. Estou na direção de uma unidade e percebo também a preocupação dos alunos, dos professores e diretores de unidade com esse problema de evasão. Muitos alunos saíram logo depois da pandemia e temos muitas vagas que não estão sendo preenchidas. Precisamos pensar em um trabalho de construção de adesão e de atração. Uma greve agora pode comprometer nesse sentido”, afirmou.
Além disso, Kienen enfatizou a importância da democracia e respeito à decisão coletiva. Ele reconheceu os benefícios que uma greve poderia trazer para pressionar por melhorias orçamentárias e salariais, mas também ponderou sobre os possíveis impactos negativos.
Décadas de desfinanciamento
No dia 15 de abril, as universidades federais do Brasil ameaçaram entrar em greve devido a uma série de razões que afetam o seu funcionamento. São 69 universidades federais em todo o Brasil, onde estudam por volta de 1,1 milhão de alunos, com 100 mil professores e 51 hospitais universitários.
Entre as reivindicações estão cortes de recursos orçamentários e a dificuldade na liberação desses recursos pelo governo que têm levado a uma situação de degradação da infraestrutura e das condições de trabalho e ensino.
Isso inclui problemas como prédios em estado precário, obras inacabadas, falta de climatização em salas de aulas e laboratórios, e restaurantes universitários em condições inadequadas.
Além disso, a falta de concursos públicos e o aumento do uso de contratos temporários de professores e terceirização na área administrativa têm precarizado ainda mais o trabalho nas universidades, afetando diretamente a qualidade do ensino e da pesquisa.
A situação dos salários também é preocupante, com propostas de reajuste zero por parte do governo, gerando insatisfação entre docentes e servidores técnico-administrativos.
Diante desses desafios, as assembleias de docentes em diversas universidades decidiram entrar em greve como forma de protesto e mobilização, buscando chamar a atenção para a situação das universidades federais e exigir mudanças. A greve é vista como um instrumento legítimo para mostrar à sociedade, ao governo e ao parlamento a necessidade de investimentos e valorização da educação pública no país.