Redação Rios
MANAUS (AM) – O aplicativo Telegram pode ficar fora do ar no Brasil, após se negar a fornecer dados solicitados pela Polícia Federal sobre supostos atos de grupos neonazistas da plataforma. As operadoras de telefonia podem ser notificadas ainda nesta quarta-feira, 24/4. Devido a isso, houve instabilidade no aplicativo em algumas regiões.
Em consequência, a Justiça determinou a suspensão do aplicativo e ampliou a multa de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia de recusa em fornecer os dados. O Telegram não emitiu nenhum comunicado sobre o caso até o momento.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já havia determinado o bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram no Brasil no ano passado, quando a plataforma também se negou a fornecer dados solicitados pela Polícia Federal do Brasil.
Com isso, a diretoria de Inteligência da Polícia Federal está solicitando junto as empresas Vivo, Claro, Tim e Oi, bem como o Google e a Apple, responsáveis pelas lojas de aplicativos Playstore e App Store, por meio de ofício, a suspensão do Telegram em todo o país.
Na última sexta-feira, 21/4, o Telegram cedeu parte dos dados solicitados pela Polícia Federal após a intervenção do judiciário, mas a corporação requer os dados e contatos dos administradores e membros de um grupo com conteúdo neonazista, coisa que o Telegram não forneceu até o momento, e se nega a entregar os números de telefone desses supostos neonazistas.
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Ataque a escola em Aracruz e grupos antissemitas
A Polícia Federal relatou que durante a investigação do ataque em uma escola em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, que resultou na morte de quatro pessoas, foi descoberta a interação do jovem de 16 anos responsável pelo crime com grupos neonazistas pelo aplicativo Telegram, que promoviam conteúdos antissemitas. Os grupos neonazistas e adolescentes influenciados a cometer violência em escolas.
Devido a isso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a polícia solicite à plataforma que forneça os dados dos administradores e membros do grupo para determinar possíveis conexões e influência no incidente em questão.
“Observou a autoridade policial que o menor infrator era integrante de grupos de Telegram de compartilhamento de material de extremismo ideológico, cuja divulgação de tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, tutoriais de fabricação de artefatos explosivos, de promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas”, diz trecho do pedido de quebra de sigilo telemático da PF.
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O ministro relatou que as investigações encontraram grupos em São Paulo e Goiás que estariam recrutando adolescentes do Maranhão com conteúdo antissemita.
“Nós tivemos uma operação em que houve um agrupamento em que havia, inclusive, no domicílio bandeiras com suásticas. Eles estavam sediados em São Paulo e Goiás recrutando jovens no Maranhão. Recrutando jovens para a prática de violência em escolas. A denúncia veio desses jovens dizendo que estavam sendo assediados pela internet.”, disse Dino na ocasião.
A Polícia Federal conduziu uma investigação que resultou em uma série de operações visando adolescentes e adultos como alvos. Entre eles estava um adolescente em Monte Mor, localizado no interior de São Paulo. Esse indivíduo foi identificado por meio de mensagens a partir da denúncia dos alunos do Maranhão. Durante a operação, vários objetos nazistas e uma réplica de arma de fogo foram encontrados em sua posse.
Em outra operação, um adolescente no Piauí também foi identificado em meio de grupos nazistas nas redes sociais pelo Ministério da Justiça. Ele foi encontrado com símbolos nazistas e uma faca. No Rio Grande do Sul, outro adolescente foi apreendido com símbolos nazistas após ser rastreado em grupos de discurso de ódio nas redes sociais.