Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um novo estudo global conduzido por pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Universidade Harvard, nos EUA, traz à tona uma realidade preocupante: uma em cada duas pessoas vão enfrentar um distúrbio de saúde mental ao longo de suas vidas. Os resultados da pesquisa indicam uma alta prevalência de distúrbios mentais na população, com aproximadamente 50% das pessoas desenvolvendo pelo menos um distúrbio até os 75 anos.
Esse estudo, que analisou uma ampla amostra populacional de diferentes países, aponta para um aumento significativo no número de doenças mentais, revelando um desafio crescente para a saúde pública em todo o mundo. Entre os distúrbios mais frequentemente citados estão a ansiedade e a depressão, que impactam profundamente a qualidade de vida das pessoas.
Segundo Juliana Coutinho, coordenadora e professora do curso de Psicologia da Faculdade Santa Teresa, a ansiedade é um fenômeno global alarmante que interfere no desenvolvimento cotidiano das pessoas. “A ansiedade pode gerar medos e aversões a atividades como falar em público ou interagir com desconhecidos, dificultando a vida profissional e social”, explica.
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A depressão, por sua vez, também tem variações em seus tipos, conforme aponta Coutinho. A depressão clássica, que dura cerca de dois anos e exige tratamento especializado, difere da depressão generalizada, que causa medo de determinados ambientes, e da distimia, um quadro crônico de mau humor e irritabilidade constante.
Os distúrbios mentais não apenas afetam a saúde psicológica, mas também têm impactos físicos, alerta Juliana. A falta de tratamento adequado pode resultar em complicações que comprometem ainda mais a qualidade de vida das pessoas afetadas.
Distúrbios e transtornos
Os distúrbios são alterações físicas ou mentais de uma pessoa, afetando o funcionamento adequado de algo no seu dia a dia. Como por exemplo, uma pessoa pode ter um distúrbio de aprendizagem, distúrbios alimentares, entre outros.
Já os transtornos são condições de ordem psicológica ou mental que comprometem a vida normal de uma pessoa, eles afetam diretamente as relações interpessoais do indivíduo, causando sofrimento, como por exemplo: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Bipolaridade e Transtorno de Déficit de Atenção (TDA).
Sinais nas crianças
Além disso, observa-se que as crianças também não estão imunes a esses problemas. “Nos atendimentos, temos notado um aumento nos quadros depressivos em crianças, algo que antigamente não era tão discutido”, comenta Coutinho.
A especialista também aponta para um cenário preocupante na infância, onde os sintomas da doença mental muitas vezes passam despercebidos. Comportamentos como evitar a socialização, não querer brincar e outros indícios são normalmente interpretados como birras. Ela observa um aumento no isolamento de crianças e adolescentes nos dias de hoje.
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“A gente vem observando que tem pessoas que desde a infância vem apresentando sintomas da doença, mas não é percebido. Como não querer socializar, não querer brincar, e muitas vezes é tido como birra”, disse a psicóloga.
A pesquisa, segundo Coutinho, ressalta a questão sobre a importância de prestar mais atenção e estar mais ciente das questões de saúde mental. À medida que os distúrbios mentais se tornam mais frequentes, torna-se crucial coordenar esforços para conscientizar a sociedade sobre a relevância do diagnóstico e garantir o acesso a tratamentos adequados.
“Só o diagnóstico, por si só, não é suficiente para alcançar resultados positivos. Intervenções e tratamentos são essenciais”
Juliana Coutinho, psicóloga
A especialista salienta que é necessário mais do que um simples diagnóstico para efetivamente abordar os desafios da saúde mental. É imperativo que tanto as autoridades governamentais quanto a sociedade em geral se mobilizem para proporcionar os recursos e tratamentos necessários, assegurando que as pessoas recebam o apoio adequado em sua jornada de recuperação.
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“Só o diagnostico, você vai poder tratar, mas se não tratar e não tiver uma intervenção, não tem resultado. É preciso pensar nos serviços de saúde pública, o que o governo está fazendo? O que as pessoas estão fazendo para tratar? Pois não adianta ter apenas esse diagnóstico”, declarou Juliana.
Cuidando da saúde mental
É inegável que o diagnostico é um passo crucial para enfrentar os desafios da saúde mental, mas é importante também destacar que existem estratégias que podem ser empregadas para ajudar a lidar com essas questões. A psicóloga, Juliana Coutinho ressalta a importância dessas estratégias.
Uma das abordagens mencionadas por Coutinho é o papel das atividades físicas na promoção da saúde mental. Ela destaca que a prática de atividades físicas não é apenas benéfica para o corpo, mas também desempenha um papel vital no cuidado da mente.
“As pessoas falam que atividade física é só para cuidar do corpo, e não é. A atividade física é saúde, ela trabalha o seu corpo o tempo todo e a mente também pois você tem se fixar, tem que direcionar o foco para aquela atividade no momento, é muito importante.”
Juliana Coutinho, Psicóloga
Além das atividades físicas, a alimentação saudável também desempenha um papel crucial na manutenção da saúde mental. Coutinho destaca que uma alimentação equilibrada não apenas nutre o corpo, mas também influencia o funcionamento mental. A conexão entre o corpo e a mente é inegável, e cuidar de ambos é fundamental para um bem-estar abrangente.
Essas estratégias podem auxiliar na promoção da saúde mental e no enfrentamento dos desafios emocionais. No entanto, é importante ressaltar que cada indivíduo é único e pode responder de maneira diferente a essas abordagens. Portanto, buscar orientação e apoio de profissionais da área de saúde mental é fundamental para desenvolver um plano de cuidados adequado e personalizado.