Vívian Oliveira – Rio de Notícias
MANAUS (AM) – A ativista e produtora cultural Michelle Andrews, indicada para chefiar o escritório estadual do Ministério da Cultura no Amazonas, frisa que o trabalho participativo será fundamental para promover e preservar a herança cultural da região, além de garantir que as políticas públicas atendam aos interesses da população. Ela aguarda a nomeação.
O anúncio de que Michelle Andrews assumirá a pasta ocorreu durante o 1º Seminário Municipal de Cultura, realizado nos dias 27 e 28 de abril, que teve a presença dos representantes do Ministério da Cultura (MinC).
A secretária dos Comitês de Cultura do MinC, Roberta Cristina Martins, foi quem confirmou o nome de Andrews, após ouvir representantes do Fórum do Audiovisual, da secretaria Nacional de Mulheres do PT, da Federação Brasil Esperança Amazonas e artistas locais.
Michelle Andrews acredita que os anos de ativismo possibilitaram a adquirir habilidades para coordenar, gerenciar projetos e desenvolver uma visão ampla sobre as demandas do setor cultural, preparando-a para assumir o cargo de liderança estadual no MinC.
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“Acredito que minha experiência mais relevante para assumir o cargo é a minha participação ativa na construção de políticas públicas culturais, como em conferências, conselhos, encontros e na formulação de leis. Isso me proporcionou um conhecimento aprofundado da situação da cultura da região, das possibilidades de atuação e das soluções”, declarou.
Como representante do MinC, uma das principais prioridades de Michelle é fortalecer trabalho do Escritório Estadual, que considera um importante canal para que as demandas e particularidades da região sejam reconhecidas e valorizadas. Para isso, a produtora cultural planeja realizar encontros com representantes de diferentes áreas da cultura do Amazonas para entender as necessidades específicas. Conhecer de perto a riqueza e a diversidade cultural do estado, por meio de participação em eventos locais, também compõe os planos de Michelle Andrews.
“Além disso, planejo investir na divulgação das ações do MinC no Amazonas, para que mais pessoas tenham acesso aos programas e projetos desenvolvidos, com campanhas de comunicação em redes sociais e imprensa local.
Quero trabalhar em conjunto com outras secretarias e órgãos públicos e promover o desenvolvimento socioeconômico da região, garantindo o acesso à cultura e a valorização dos bens culturais” do Amazonas”
Michelle Andrews
Resiliência: caminho do reconhecimento
No entanto, para chegar ao reconhecimento de um nome forte para tal responsabilidade não foi fácil. Como mulher negra da Amazônia, Michelle conta que enfrentou desafios e barreiras em sua carreira na indústria cultural.
“Um dos principais obstáculos foi a difusão da produção artística e cultural. Muitas vezes, nosso trabalho não recebe o reconhecimento e apoio merecidos. Na maioria das vezes, por causa do racismo e do machismo estrutural, presentes na sociedade manauara e dentro do próprio setor cultural”, destacou.
Outra barreira que impedia a circulação do trabalho cultural de Michelle Andrews é a falta de recursos e apoio financeiro para desenvolver projetos. Segundo ela, a Amazônia tem uma lógica de custos diferente de outras regiões como o sudeste, por exemplo.
“Para superar esses desafios, utilizei minha criatividade e resistência, buscando apoio em redes de artistas e produtores culturais que lutam pela valorização da arte e cultura da Amazônia. Também procuro desenvolver projetos que enfrentam esse desafio”, informou.
Riqueza cultural das comunidades
As comunidades locais também são o foco da atuação de Michelle, caso seja nomeada para representar o Ministério da Cultura no Amazonas.
“A participação dos trabalhadores de cultura do Amazonas nos debates e na construção dessas políticas é imprescindível. Para isso, pretendo dar condições de participação, como transporte e alimentação, para garantir a presença e contribuição na discussão”, explicou.
“Essa colaboração será fundamental para garantir que as políticas culturais estejam alinhadas às necessidades e interesses da população e contribuam para a preservação da rica herança cultural da comunidade”, destacou.