Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As fortes chuvas no Rio Grande do Sul (RS) já duram dias e o Estado vive um dos maiores desastres climáticos de sua história. Mas quais são as razões para esse fenômeno tão intenso?
Em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos, explica que o fenômeno é resultado da junção de diversos fatores, o anticiclone é um deles.
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“Estamos com um bloqueio atmosférico em função, justamente, da atuação de um anticiclone em altos níveis que mantém essa massa de ar quente e seca, tanto que estamos com ondas de calor na parte central do país e na região sudeste. As ondas de calor se dão quando as temperaturas ficam cinco graus acima da média.”
Explica Andrea Ramos.
Conforme a especialista, outro fator está relacionado à Amazônia, já que o canal de umidade que vem desta região do país e, geralmente, provoca chuvas para a região central e sudeste, a qual está sendo canalizada para a região sul.
Dessa forma, existe um conjunto de fenômenos climáticos como a frente fria, um centro de baixa pressão, os cavados [que são áreas alongadas de baixa pressão] e o canal de umidade, que individualmente provocam chuvas em forma de pancadas, com trovoadas e rajadas. Agora imagina a combinação de todos esses sistemas?
“Aí você está tendo esse panorama que nós estamos observando, essa catástrofe que está acontecendo, principalmente no Rio Grande do Sul, porque fica confinado justamente entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Paraná, e principalmente do centro ao norte”, revela a meteorologista.
Além do anticiclone e a combinação de sistemas climáticos, existe um bloqueio que não permite a incursão da frente fria no país.
“Esses sistemas confinados, ou seja, ora é uma frente fria em deslocamento, aí ela vai para o Atlântico Sul, ora o sistema de baixa pressão, que a gente chama como baixa do chaco, que fica ali no Paraguai, ora mesmo os cavados, e até mesmo esse canal de umidade que vem lá da Amazônia e intensifica, contribuem para o que ocorre no Rio Grande do Sul.” disse.
El Niño
Segundo o meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, não descarta ainda que as chuvas sejam reflexo do El Niño, que está em etapa final, e de forma indireta das mudanças climáticas, já que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo vapor adicional para formação das chuvas.