Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Desde a meia-noite deste domingo, 20/4, o valor da tarifa do transporte coletivo em Manaus passou de R$ 4,50 para R$ 6,00. O reajuste foi anunciado pelo prefeito David Almeida (Avante) no sábado, 19, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), e publicado no Diário Oficial do Município (DOM).
O novo decreto, no entanto, estabelece valores diferenciados para alguns grupos de usuários. Quem pagar em dinheiro ou com o cartão eletrônico PassaFácil pagará R$ 5 por passagem. Estudantes com carteira estudantil válida continuam pagando R$ 2,50.
Além disso, uma tarifa social de R$ 4,50 será oferecida a beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico), mas somente após a emissão de um novo cartão específico – o PassaFácil Social – em até 60 dias. Enquanto isso, esses usuários ainda pagarão os R$ 5 da tarifa com cartão.
Para trabalhadores com vale-transporte, o custo permanece integral, ou seja, R$ 6,00, valor que é arcado pelas empresas empregadoras.
Transporte pode consumir até R$ 360 mensais
O portal RIOS DE NOTÍCIAS ouviu economistas sobre os impactos do reajuste. Para quem recebe um salário mínimo (R$ 1.518 em 2025), os gastos com transporte podem comprometer até 24% da renda mensal.
“O aumento vai impactar principalmente as famílias de baixa renda, que agora devem gastar entre R$ 300 e R$ 360 por mês com transporte, dependendo do número de dias úteis e da frequência de uso. Isso pressiona bastante o orçamento doméstico”, afirma Altamir Cordeiro, ex-vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon).

Economistas calculam impacto diário
O consultor financeiro Alon Hans explica que o aumento de R$ 1,50 por dia (ida e volta), para quem usa vale-transporte ou paga tarifa cheia, representa R$ 33 a mais por mês em média. “Considerando 22 dias úteis, esse valor sobe para R$ 39 para quem trabalha também aos sábados (26 dias úteis)”, diz.
Para quem usa o cartão PassaFácil, o gasto diário é de R$ 10 (R$ 5 por trecho), somando até R$ 260 mensais.

Estudantes também são impactados
Brenda da Silva Perdigão, 19, moradora do bairro Jorge Teixeira, pega cinco ônibus por dia entre casa, trabalho e faculdade. Mesmo pagando meia, ela desembolsa R$ 12,50 por dia, totalizando até R$ 325 por mês.
“O aumento pesa. Parece pouco, mas quem depende de ônibus todo dia sente muito. O serviço ainda é ruim e não melhora com o reajuste”, lamenta.
Alon Hans destaca que o aumento de R$ 0,25 na meia passagem representa um impacto mensal de até R$ 13, considerando 26 dias úteis.
Salário mínimo não acompanha custo de vida
O salário mínimo foi reajustado para R$ 1.518 em 2025, com um ganho real de 2,5% acima da inflação. No entanto, economistas alertam que reajustes como o da tarifa de ônibus anulam parte desse ganho.
“O Brasil ainda vive uma inflação que exige cautela e disciplina no consumo. Para as famílias de baixa renda, aumentos como esse são preocupantes”, reforça Altamir Cordeiro.