Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Com dez fraturas nos ossos e há dois anos sem tomar a medicação por conta da lentidão no agendamento e atendimento do Ambulatório Araújo Lima, a historiadora Gleice Oliveira, de 65 anos, não suportou mais a espera e denunciou em suas redes sociais a situação que os pacientes enfrentam, com longa fila para entrar no tradicional Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Segundo a professora aposentada, as pessoas doentes estavam sem um mínimo de assistência na fila do lado de fora do prédio. “Sabemos que os profissionais de saúde daqui são muito competentes, mas o serviço terceirizado que organiza o atendimento não é apenas péssimo, é desumano”, desabafou enquanto gravava a situação de quem foi procurar ajuda no Ambulatório e estava na fila, na segunda-feira , 2/12.
Leia também: Pacientes denunciam demora no atendimento e a falta de profissionais no Instituto da Mulher em Manaus
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou nesta terça-feira, 3/12, com a historiadora, que atualizou a situação após ficar horas na fila. “Consegui agendar a consulta que necessito, mas a situação é a que relato: longa espera em fila sob o sol, sem água ou banheiro e não se consegue agendar as especialidades que necessitamos. Eu estive três vezes no Ambulatório pra agendar consulta de retorno apenas com ortopedista, mais uma vez para agendar otorrino e nesta terça-feira com a endocrinologista” explicou.
A professora aposentada informou que realiza um tratamento dos ossos. “Passei por 10 fraturas e preciso de atendimento integrado entre ortopedia e endócrino, mas nunca consigo agendar juntos ou próximos, é muito complicado”, desabafou Gleice.
Gleice Oliveira contou também que prescreveram o uso de uma medicação injetável diariamente e de alto valor financeiro para ela receber por meio da Central de Medicamentos, mas até agora nada foi resolvido.
“Fiquei um ano tentando, com várias idas à Central de Medicamentos (Ceme) e nada. Então retornei à médica em maio passado, que me pediu para refazer os exames atualizando-os para fazer um novo pedido à Central. Os exames demoraram três meses para receberem autorização para serem realizados, mais algumas semanas para receber o resultado em outubro e desde então tento agendar retorno e apresentá-los à médica”, explicou.
Após toda essa peregrinação que vem desde 2023, somente nesta terça-feira, a historiadora conseguiu o agendamento para um dos especialista, “mas a consulta só acontecerá em fevereiro do ano que vem. Trocando em miúdos, estou sem medicação há dois anos!“, denunciou.
Repercussão
Nas redes sociais a denuncia da professora aposentada repercutiu: “É a precarização do serviço público, sem contar o atendimento de alguns funcionários sem um mínimo de respeito pelas pessoas, já faz um bom tempo que funciona com essa precarização”, “As filas, em hospitais, são desesperadoras. E isso acontece, com certeza, na maioria dos hospitais brasileiros. Para quem está enfermo e precisa de atendimento rápido… a espera é terrível!”, destacaram os internautas.
“Gleice, infelizmente o campo da saúde está muito ameaçado no Brasil. Como já compartilhei aqui no face sobre a atrocidade que o governo federal está fazendo com a saúde federal do Rio de Janeiro”, disse outro seguidor das redes sociais da historiadora.
O portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a assessoria do HUGV que por meio de nota informou:
“O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV-Ufam/Ebserh) lamenta os transtornos relatados devido à grande demanda no Ambulatório Araújo Lima e informa que está adotando medidas para melhorar o atendimento. Em relação à empresa terceirizada, o hospital está apurando as denúncias e, caso sejam confirmadas irregularidades, aplicará as devidas sanções. Quanto aos agendamentos, a instituição trabalha continuamente para otimizar o sistema, reduzir o tempo de espera e evitar a perda de validade dos exames.
O HUGV ainda reforça que o Núcleo Interno de Regulação Ambulatorial (NIRA) funciona ininterruptamente, de segunda a sexta, das 7h às 18h, não havendo necessidade de os pacientes comparecerem apenas no primeiro turno da manhã. Dessa forma, é possível evitar aglomerações, exposição ao sol e outros transtornos. Ressaltamos também que o espaço disponibiliza bebedouros e banheiros para uso dos pacientes, visando oferecer conforto e garantir um atendimento digno a todos. O HUGV reafirma seu compromisso com a qualidade e humanização dos serviços prestados à comunidade”, finaliza a nota