Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Após 22 anos de exploração, uma trabalhadora doméstica, de 34 anos, foi resgatada na quinta-feira, 5/6, no bairro Ponta Negra, na zona Oeste de Manaus, durante ação conjunta entre órgãos públicos.
Ao ser resgatada da situação de trabalho escravo foi observado pelas autoridades competentes que a mulher não tinha carteira assinada, nem remuneração mínima, com jornadas exaustivas e sem condições de viver a sua vida de forma independente.
O trabalho doméstico era realizado em uma casa grande e ainda trabalhava de forma extra na produção de doces comercializados e distribuído pelo empregador em vários locais da cidade.
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A ação conjunta foi realizada pelo Ministério do Trabalho Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT), com apoio da Polícia Federal (PF) e da Defensoria Pública da União (DPU).
‘Como se fosse da família’
A mulher chegou na família ainda criança, aos 12 anos de idade, para ser cuidadora de uma idosa, com a promessa de que seria bem tratada, que poderia estudar e se desenvolver, porém com o passar dos anos a realidade foi diferente das promessas feitas.
Desde então a vítima prestou serviços para diferentes membros da família por 22 anos em troca de comida, moradia, e pagamentos esporádicos em valores irrisórios, sob o argumento de que ela fazia parte da família, apesar de nunca ter ido à escola, de viver em um quarto sem guarda-roupas, sem ar-condicionado, sem condições mínimas de higiene e cuidado.
Depoimentos tomados pela equipe confirmaram que a trabalhadora chegou a trabalhar sem sandálias e em certo período não tinha sequer shampoo para lavar os cabelos.
O ciclo de 22 anos de exploração foi encerrado e a trabalhadora será indenizada. A vítima recebeu atendimento psicossocial da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e retornou ao convívio dos seus familiares biológicos.
Denúncias
No Amazonas os canais de comunicação pode ser a Ouvidoria do Ministério Público do Trabalho no Amazonas e Roraima (MPT AM/RR) ou disque denúncia 127.
Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas sob sigilo por meio do Sistema Ipê (https://ipe.sit.trabalho.gov.br) lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995, foram resgatados mais de 65 mil trabalhadores. Dados oficiais sobre o combate ao trabalho escravo estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo.