Vitória Freire – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O mais recente Mapa da Desigualdade Social revela Manaus como a quarta capital brasileira com maior disparidade socioeconômica.
Um ponto alarmante exposto pelo estudo diz respeito à favelização, um fenômeno que atinge Manaus e Belém de forma expressiva, tornando-as as capitais mais afetadas no país.
Conforme a pesquisa, mais da metade dos domicílios dessas cidades se enquadram como favelas, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Como explicitado pelo geógrafo Cristiano Paiva, tanto Manaus quanto Belém enfrentam um rápido crescimento populacional devido à migração de áreas rurais desempenhadas por inúmeras pessoas que buscam oportunidades de trabalho e melhores condições de vida nas metrópoles. Porém, esse aumento populacional não é acompanhado pela infraestrutura urbana necessária.
“A favelização em Manaus reflete desigualdades econômicas e sociais, contribuindo para segregação espacial, onde uma parte da população é empurrada para assentamentos informais nos quais acaba se adaptando porque é o único lugar em que consegue encontrar uma forma de construir habitações. A ausência de políticas habitacionais eficazes e planejamento urbano resulta em crescimento desordenado das favelas, alimentando um ciclo de pobreza e marginalização. Isso está ligado a problemas de saúde pública e saneamento básico precário. O não acesso aos serviços de água potável, coleta de lixo e esgotamento sanitário aumenta o risco de doenças transmitidas pela água e outras condições de saúde precárias”
Cristiano Paiva, geógrafo
As constatações apresentadas pelo especialista se baseiam no último Censo realizado pelo IBGE, com dados atualizados até 2022, revelam, ainda, que Manaus é a terceira capital com maior incidência de doenças relacionadas à inadequação do saneamento básico, contabilizando 7,1 casos por cada 100 mil habitantes.
Homicídios
A pesquisa em questão, elaborada pelo Instituto Cidades Sustentáveis, também destaca Manaus como a terceira capital com maior índice de homicídios de jovens. Os números registram uma alarmante taxa de 234,91 casos para cada 100 mil habitantes, até o ano de 2021, igualmente.
O especialista em Segurança Pública, Walter Cruz, analisa que o aumento das facções criminosos no Amazonas, sobretudo nas fronteiras, a redução do número de policiais e a ausência de políticas públicas que endureçam o enfrentamento do tráfico de drogas explicitam a permanência da problemática. Para Walter, é preciso maior cooperação entre os poderes.
“Com base na minha experiência e observando outras cidades, estados e países em relação à criminalidade, a integração entre os poderes é fundamental. O foco deve ser no combate ao tráfico de drogas, com cooperação entre judiciário, executivo e legislativo, além da integração das forças policiais, instituições de segurança e Ministério Público. O treinamento dos policiais, especialmente para lidar com o tráfico de drogas e as facções criminosas, é crucial e deve ser uma prioridade do Estado”, concluiu o especialista.