Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Polícia Federal apresentou o balanço da Operação Emboabas realizada na manhã desta quarta-feira, 20/9, em Manaus, durante coletiva de imprensa na sede da instituição. A ação resultou na prisão de um empresário considerado o maior contrabandista de ouro ilegal do país. Além disso, R$ 5,7 bilhões em bens foram bloqueados dos suspeitos.
A Operação Emboabas teve como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava na extração ilegal de ouro, com intuito de comercializá-lo tanto no mercado nacional quanto internacional. Essa organização criminosa de grande porte estava envolvida em fraudes na emissão de documentos que subsidiavam a extração do mineral.
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Um dos principais alvos da operação, Brubeyk do Nascimento, conhecido como o maior contrabandista de ouro do Brasil, foi detido em um condomínio de luxo em Manaus na manhã desta quarta-feira.
“Essa operação é fruto de um trabalho com técnicas especiais de identificação de movimentação financeira, afim de identificar toda essa cadeia de lavagem de dinheiro, venda e contrabando de ouro. Nós estamos falando do talvez maior contrabandista e maior negociador de ouro que temos no Brasil hoje, que foi preso”, disse o delegado da Polícia Federal, Sávio Pizon.
As investigações mostraram que o ouro estava sendo retirado sem permissão de lavra garimpeira.
“Através de georreferenciamento e aplicativos e progromas da Polícia Federal, nós vimos que aquele local que eles alegam que fazem a retirada não tem nenhuma extração, a vegetação do lugar está totalmente preservada. Legalmente ele poderia tirar dali, ele declara que tira mas não. A perícia mostrou que não há extração naquele local e mostrou que a quantidade de ouro exportado não corresponde ao declarado”, disse o Delegado Vinicius de Paula.
Os locais onde foram realizadas as 17 buscas e apreensões foram Manaus (AM), Anápolis (GO), Ilha Solteira (SP), Uberlândia (MG), Areia Branca (RN), Ourilândia do Norte (PA), Tucumã (PA) e Santa Maria das Barreiras (PA).
Além disso, dados divulgados indicam que em 2022 foram exportados cerca de 1 bilhão de reais em ouro pela organização criminosa, correspondendo a uma extração de mais de duas toneladas do mineral. No entanto, essa atividade ilegal causou danos ambientais significativos e impactos ilegais no valor de mais de 5,6 bilhões de reais à União.
Modus Operandi
A organização utiliza do processo de “esquentamento” do ouro, no contexto da extração ilegal, é uma estratégia utilizada para tornar o ouro ilegal em um produto que pode ser comercializado no mercado nacional e internacional de forma legal. Isso é feito de diversas maneiras, uma delas sendo o uso de documentos falsos ou fraudados para mascarar a origem ilegal do ouro.
No caso mencionado, a organização criminosa estava utilizando o nome de Werner Rydl, um homem com um patrimônio registrado na Receita Federal de 20 bilhões em ouro, supostamente adquirido ao longo dos anos. Esse indivíduo era usado como fachada para dar uma aparência legal à comercialização do ouro ilegal. Através desse esquema, o ouro extraído ilegalmente era “esquentado” ou legitimado perante as autoridades fiscais.
A prisão de Brubeyk do Nascimento em 2020 foi um marco na investigação, pois ele foi identificado como um dos principais líderes do esquema e com 35 quilos de ouro em sua posse, que havia sido extraído ilegalmente de terras indígenas.
Outras Operações
Operações complementares estão sendo realizadas em Roraima (Eldorado) e Tocantins (Lupi) como parte das investigações, e a Superintendência de Roraima também está envolvida nessa ação, focando em elementos relacionados a uma rede de supermercados. Essas ações visam desbaratar a rede criminosa em diferentes frentes e garantir que o ouro ilegal não continue a ser comercializado de forma fraudulenta.
O nome da operação focada na exportação do ouro faz alusão à Guerra dos Emboabas, um conflito histórico em que europeus e portugueses tentaram explorar as riquezas de ouro da região, encontrando resistência. A extração ilegal de ouro, muitas vezes realizada em terras indígenas, torna o caso ainda mais grave.