Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um Boletim de Ocorrência (BO) por maus-tratos a uma criança autista, de quatro anos, foi registrado na última quinta-feira, 24/4, contra uma professora do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Dom Bosco, localizado no bairro Vila da Prata, zona Oeste de Manaus. A denúncia foi feita pelo pai da vítima na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
Segundo o relato da família, a criança afirmou que teve a cabeça batida na mesa por uma professora. Ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) no mesmo dia para realização de exame de corpo de delito.
“Meu filho foi agredido na escola”, diz mãe
“Meu filho foi agredido na escola. Ele disse que a professora bateu a cabeça dele na mesa. No dia ficou um galo enorme, quase abrindo. Liguei para a diretora, mas ela não atendeu. Quando vi a cabeça do meu filho comecei a passar mal, minha pressão subiu. Ele me conta tudo, sabe falar bem. A professora deu outra versão ao meu marido, mas pela localização do hematoma não tem como ele ter feito isso sozinho. No primeiro dia de aula ele chegou mordido e ninguém da escola me falou nada”, contou Denise Albuquerque, mãe da criança, em entrevista ao RIOS DE NOTÍCIAS.
Denise relatou que levou o filho a um hospital particular. “Na sala do pediatra, ele olhou o machucado e disse que, pela experiência dele, não tem como meu filho ter se auto lesionado, porque o hematoma é muito atrás na cabeça”, afirmou.


Ausência de mediadores e falta de câmeras
A mãe também denunciou a ausência de câmeras de segurança dentro da sala de aula e a falta de mediadores para crianças com deficiência.
“As aulas começaram recentemente, meu filho ainda estava em fase de adaptação e acontece isso. Só fica a professora com os alunos. As crianças autistas não têm nenhum mediador, o que é um direito garantido”, destacou.
Segundo ela, a diretora da unidade só tomou conhecimento da denúncia no dia seguinte. “Ela disse que a professora contou o ocorrido e que informou ao pai dizendo que ele costuma fazer isso quando contrariado. Claro que ela vai negar, por isso precisei fazer o BO para investigar realmente maus-tratos na escola”, disse.
A criança, desde o ocorrido, tem mostrado resistência para retornar à escola. A família estuda transferi-lo para uma instituição particular.

Outro caso recente em escola municipal
Essa não é a primeira denúncia de negligência ou violência contra crianças com deficiência na rede municipal de ensino de Manaus recebida pelo portal RIOS DE NOTÍCIAS.
Neste mês de abril, uma mãe atípica, que preferiu não se identificar, entrou com uma ação judicial contra a Prefeitura de Manaus por danos morais e materiais. O filho dela, de seis anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH, foi ferido por um colega dentro do Centro Integrado Municipal de Educação (CIME) Lúcia Melo Ferreira Almeida.
Segundo a mãe, a criança chegou em casa com um ferimento no braço após se recusar a entregar um lápis.
De acordo com a denúncia, a mãe procurou a professora, o diretor e a pedagoga da escola, mas não teve retorno. Ela relatou ainda que a pedagoga a bloqueou no WhatsApp após a solicitação das imagens das câmeras. A situação se agravou quando o ferimento inflamou, exigindo cuidados médicos e levando a mãe a se afastar do trabalho. A advogada da família ingressou com uma ação de responsabilidade civil contra o município. O menino, mesmo após retornar à escola, passou a apresentar crises de ansiedade.

A denunciante também destacou o despreparo da equipe pedagógica para lidar com crianças atípicas. “Eles não têm preparo nenhum. O diretor disse que a escola não era obrigada a ficar com ele o dia todo. Falei que era sim, exceto nos dias de terapia, e ele se calou. Os professores são completamente despreparados”, afirmou.
Sem resposta
A REPORTAGEM entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) para solicitar um posicionamento sobre o caso e aguarda resposta. O espaço segue aberto para manifestações da pasta.