Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nesta semana, no “Dia D” de combate aos crimes contra a mulher, foi realizada a ‘Operação Shamar’ em várias zonas de Manaus. A ação policial tem como objetivo fortalecer as ações ostensivas, repressivas e preventivas no combate aos crimes contra a mulher. Desde o dia 1º de agosto deste ano, nove suspeitos envolvidos com esta tipificação de crime foram presos.
Na última quarta-feira, 7/8, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um homem foragido foi preso no bairro Raiz, na zona Sul da cidade de Manaus. Ele tinha fotos íntimas da vítima , praticava violência psicológica e ameaças contra ela.
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Nesta sexta-feira, 9/8, o Portal RIOS DE NOTÍCAS, conversou com a ex-companheira dele, que não terá seu nome divulgado para proteção dela e de seus filhos, sobre o que ela viveu com o homem, que agora está preso.
De acordo com a vítima, ela viveu com ele por um bom tempo e juntos tiveram dois filhos. “Não é fácil reviver tudo aquilo, ficar cara a cara com seu agressor, e o agressor olhar pra você e dizer ‘é realmente eu fiz isso, eu bati por culpa dela, eu bati porque amava ela demais, por ciúmes, por se achar dono’. Eu não era mais um ser humano que estava ao lado dele, mas um objeto. São coisas muito pesadas, exaustivas psicologicamente, mentalmente e fisicamente”, relata.
A mulher, de 34 anos, conta que teve que largar o trabalho e ficar prisioneira em sua própria casa sendo vítima de violência doméstica e psicológica. Até que buscou forças para sair do ambiente tóxico com as crianças e, por meio, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM) ela conseguiu a medida protetiva.
Cansada das agressões, a professora saiu do lar e buscou se manter financeiramente por conta própria. “Eu sei o quanto eu sofri dentro de um quitinete trabalhando o dia inteiro e, as vezes no final de semana, para que nada faltasse para meus filhos e sem receber a pensão alimentícia deles”, destaca.
Para tomar a decisão de se libertar da violência ela contou com o apoio da promotoria do Ministério Público Estadual, que foi fundamental para ela tomar coragem e seguir adiante com o processo contra o agressor, além de um bom advogado ao seu lado. “Minha filha, estamos aqui para lhe proteger, a lei está ao seu lado”, foi o que ouviu quando procurou ajuda dos órgãos competentes.
O advogado da vítima, Josemar Berçot, da área criminalista, em entrevista para o Portal RIOS DE NOTÍCIAS, nesta sexta-feira, 8, explicou que o homem foi preso por vazar fotos íntimas dela com o intuito de prejudicá-la profissionalmente. “O sentimento é do fim da impunidade, é de Justiça. Agora esperamos que ele seja julgado e condenado pelos crimes que cometeu”, diz.
Burocracia
Apesar de saber da prisão do ex-marido pelas redes sociais, ocorrida na quarta-feira, e ficar aliviada, a professora ainda acha a justiça muito burocrática, mesmo tendo um bom advogado, a prisão do ex-marido levou anos para acontecer. “Foi muito choro e oração, até que a justiça fosse feita é uma luta massacrante”, desabafa.
Por outro lado mesmo com a lentidão da justiça a vítima é muito grata pelo acolhimento que teve por meio da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM) durante toda a saga por busca de justiça.
“Fui muito bem acolhida pelas psicólogas, passei por palestras. O atendimento no Tribunal foi bom, a Ronda Maria da Penha, da Secretaria de Estado de Segurança Pública passava uma vez na semana na minha casa para saber se eu estava bem e as crianças também, porém mesmo com essa rede de apoio a gente não se sente segura porque o agressor está solto e não para”, desabafa ao riosdenoticias.com.br
Hoje, junto com os filhos, e apesar dos traumas psicológicos e físicos, a vítima tenta seguir com a sua vida em busca de respeito, dignidade e felicidade.
Josemar Berçot explica que, infelizmente, muitas mulheres sofrem caladas, as vezes por medo de não conseguir manter os filhos e por diversos outros fatores. Nesses casos, elas devem procurar ajuda especializada, como fez a professora.
“Nesse caso, representamos pela prisão e conseguimos demonstrar para o magistrado todo o histórico de perseguição e violência psicológica, que culminou com a divulgação de fotos íntimas como forma de prejudicar psicologicamente e profissionalmente a vítima. O conselho que deixo para as mulheres é dar uma basta logo no início seja denunciando, se afastando ou procurando o auxílio de um advogado”, orienta.
Denúncia
A Polícia Militar do Amazonas orienta a população que informe, imediatamente, ao tomar conhecimento de qualquer ação criminosa, por meio do disque denúncia 181 ou pelo 190. A identidade do denunciante será mantida em sigilo.