Nayandra Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O vereador Rodrigo Guedes (Progressistas) chamou atenção nesta segunda-feira, 3/11, ao levar uma pizza para a Câmara Municipal de Manaus (CMM) como forma de protesto. A ação simbólica teve como objetivo cobrar da Casa Legislativa a abertura de um processo disciplinar contra o vereador Rosinaldo Bual (AGIR), preso há um mês em operação do Ministério Público do Amazonas sob suspeita de envolvimento em esquema de “rachadinha”.
“Já se passou um mês e a Câmara ainda não cumpre a lei”, diz o vereador
Durante a sessão, Rodrigo Guedes criticou a morosidade da Casa e reforçou a importância do cumprimento do Regimento Interno da CMM.
“Hoje, dia 3 de novembro, estou aqui com uma pizza, porque hoje completa exatamente um mês que um membro desta Câmara foi preso pela Justiça. E há um mês, simplesmente, a Câmara silencia, prevarica, sobre um pedido do Comitê Amazonas de Combate à Corrupção, que pede abertura de processo disciplinar para a cassação do vereador Rosinaldo Bual.”
Guedes destacou que a lei é clara sobre o procedimento a ser seguido quando há denúncias contra vereadores. “O artigo 243 do Regimento Interno diz que, recebida a denúncia, o presidente da Câmara deve determinar sua leitura e consultar o plenário sobre o recebimento. A Câmara precisa cumprir a lei. Não é uma faculdade do presidente decidir se isso vai ser votado ou não, é uma obrigação”, declarou.
O vereador enfatizou que a demora da Casa Legislativa em analisar o pedido de abertura de processo disciplinar configura descumprimento da legislação e prejudica a transparência do Parlamento. Para Guedes, a lentidão na tramitação evidencia falta de compromisso com o controle social e com os princípios de responsabilidade e moralidade pública.
“Está com cheiro de pizza, presidente, está com cheiro de pizza. Um mês já se passou. E essa pizza já está, inclusive, estragando. Isso não podemos aceitar, não podemos admitir. Eu não vou me calar e vou cobrar todos os dias que isso seja votado. Não vou deixar isso cair no esquecimento”, disse.
Prisão e investigação de Bual
Bual foi detido no âmbito da Operação Face Oculta, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Segundo o Ministério Público, ele exigia que servidores comissionados devolvessem parte de seus salários e mantinha um número excessivo de assessores, incluindo pessoas que não exerciam funções compatíveis com o gabinete.
Durante a operação, computadores, celulares e notebooks foram apreendidos, e houve quebra de sigilos bancário e telemático. A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens do vereador e seu afastamento do cargo por 120 dias.
Apesar disso, um mês após a prisão, o processo de cassação ainda não chegou ao plenário da CMM. O vice-presidente da Casa, Jander Lobato (PSD), afirmou que a Mesa Diretora ainda analisa a representação e levará à votação “assim que possível”.











