Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O tempo seco e a inalação de fumaça prejudicam não só a saúde humana, mas também afetam gravemente os animais, como cães e gatos. O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com as médicas veterinárias Bárbara Viana e Marina Pandolphi Brolio sobre os impactos do calor e os cuidados necessários para proteger a saúde dos animais durante esta estação.
A veterinária Bárbara Viana, que realiza apenas atendimentos domiciliares, recentemente atendeu dois cães que viviam em áreas com alta concentração de fumaça.
“Lembro que o primeiro era da zona Norte de Manaus (Flores) e o segundo, da zona Leste (São José). O principal sintoma de ambos era tosse e uma traqueíte causada pela tosse excessiva. A traqueíte é uma inflamação na traqueia que pode ser desencadeada por tosse recorrente ou pela proliferação de bactérias”, relatou.
A inalação de fumaça é prejudicial para os pets. Dependendo da quantidade e intensidade, os animais podem sofrer irritação das vias nasais, traqueíte, crises de tosse e, em casos extremos, edema pulmonar. Embora os casos de alteração na saúde dos animais ainda sejam baixos em comparação com o ano passado, já começaram a surgir e a tendência é que aumentem significativamente.
“Os animais também podem apresentar problemas nos olhos, como conjuntivite e ressecamento ocular. Em alguns casos, pode ser necessário usar xaropes, realizar inalações e aplicar colírios anti-inflamatórios ou lubrificantes. O piso muito quente também pode queimar os coxins (almofadinhas das patas)”, explicou Marina Pandolphi Brolio.
A presença de coriza no nariz deve ser investigada, pois nem sempre é causada pela inalação de fumaça. “É importante observar que alguns animais podem transpirar pelo focinho. O ideal é levar o pet para avaliação, e através de exames, descartar gripe ou outras viroses”, disse a especialista Bárbara Viana.
Cuidados
Durante o período de estiagem, é essencial manter os animais hidratados, em locais arejados e longe das altas temperaturas. Os cuidados recomendados pelas veterinárias incluem:
“Os cuidados são semelhantes para todas as espécies: manter os animais em locais arejados, garantir água limpa e oferecer alimentação adequada. Se os sintomas persistirem, o médico veterinário deve ser consultado o mais breve possível”, aconselha Bárbara Viana.
“Proteger os animais do sol, mantê-los em ambientes sombreados e bem ventilados, oferecer água fresca e gelada, e evitar exposição à fumaça são cuidados importantes. Utilizar ar condicionado e umidificadores de ar também é essencial”, orientou Marina Pandolphi Brolio.
Outros cuidados incluem: em ambientes externos, tentar proteger os animais ao máximo, colocar bacias ou baldes de água para umidificar o ar, oferecer dieta úmida para gatos (como patês e sachês) para ajudar na ingestão de líquidos, evitar passeios em horários muito quentes e oferecer frutas para cães para auxiliar na hidratação.
Padrão racial
Marina Pandolphi Brolio, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Fametro, ressaltou a importância de considerar que algumas raças exigem atenção e cuidados especiais. No entanto, os cuidados gerais contra queimadas devem ser os mesmos para todos os pets, independentemente do padrão racial.
Ela alerta que animais braquicefálicos (aqueles com cabeça “achatada” e focinho “encurtado”, como Buldogues, Pugs e gatos persas) são mais suscetíveis a dificuldades respiratórias devido a questões anatômicas, tornando-os mais sensíveis às alterações climáticas neste período.
Grandes animais também enfrentam riscos com queimadas, fumaça e estiagem. “Por estarem no campo e próximos às áreas de fogo, a fumaça que inalando é mais perigosa, e as queimaduras e inflamações no trato respiratório podem ser mais intensas, podendo exigir oxigenoterapia e tratamentos mais agressivos”, explicou a veterinária.