Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Os empréstimos bilionários recém-aprovados pelo governador Wilson Lima (União) foram alvos de críticas pelo deputado federal Sidney Leite (PSD). As declarações foram feitas ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS na quinta-feira, 16/1.
O parlamentar classificou os empréstimos como um reflexo do descontrole fiscal do governo e levantou suspeitas de corrupção, citando falhas graves em áreas essenciais que enfrentam problemas estruturais e de salários.
“Isso é um atestado claro para a população do Amazonas do descontrole financeiro do governo do estado. O governador Wilson Lima transformou o caixa do estado em um caos. Ele não consegue pagar os trabalhadores da saúde, nem a promoção e a data-base da polícia, tampouco dos trabalhadores da educação, mesmo havendo recursos, como os do Fundeb”, afirmou o deputado.
Leia também: Lula sanciona Reforma Tributária com vetos à Zona Franca de Manaus
Sidney também criticou a falta de investimentos, destacando que a saúde e a segurança pública enfrentam crises severas durante a gestão de Wilson Lima, chamando a situação de “desgoverno”.
“Estamos enfrentando uma gestão problemática. Nos hospitais sob responsabilidade do estado, como o João Lúcio, faltam leitos, copos descartáveis para acompanhantes, e há retenção de ambulâncias do SAMU devido à falta de leitos e macas para os pacientes. Na segurança pública, a situação é igualmente alarmante: em Manaus, as delegacias fecham às 17h e não funcionam nos finais de semana, com exceção de apenas quatro unidades. Isso é um verdadeiro caos na segurança pública, e por isso vivemos esse desgoverno no estado do Amazonas”, disse Sidney Leite.
‘Governador Réu’
O deputado aponta que as medidas revelam indícios de má gestão dos recursos públicos: “Temos um quadro claro de desvio de recursos, e não sou eu quem está dizendo. O governador Wilson Lima inaugura no Amazonas o fato de ser o primeiro governador que se torna réu no exercício do cargo. Vários secretários de saúde e segurança foram presos, e operações da Polícia Federal expuseram o desmonte da economia do estado”.
O deputado lamenta o apoio da classe política às medidas, ressaltando que todos os empréstimos só foram autorizados com a aprovação dos deputados estaduais. Ele alerta que o custo da dívida, com juros elevados, recairá diretamente sobre a população.
“O mais lamentável é a corroboração política para essa situação. Estamos vivendo um caos, e quem vai pagar esses empréstimos, sejam eles em dólar ou em real, com juros altos, é a população do Amazonas, que vê as políticas públicas piorarem a cada dia devido ao desgoverno de Wilson Lima”, disse o parlamentar
Empréstimos bilionários sancionados
No dia 7 de janeiro, Wilson Lima sancionou duas leis que autorizam o estado a contrair empréstimos no valor total de R$ 6,5 bilhões. Os recursos serão obtidos junto ao Banco do Brasil e ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), com garantias da União.
O primeiro empréstimo, de R$ 3 bilhões, será contratado com o Banco do Brasil. Esse montante será destinado ao programa de desenvolvimento habitacional, à quitação de dívidas públicas e ao fortalecimento do Fundo de Infraestrutura e Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Fideam).
A segunda operação, no valor de US$ 585 milhões (cerca de R$ 3,54 bilhões), será contratada com o BIRD. Os recursos servirão para quitar dívidas internas por meio do Programa de Sustentabilidade Fiscal, Econômica, Social e Ambiental do Estado do Amazonas (Pro-Sustentável III), executado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz). Esse montante também inclui pagamentos de dívidas anteriores com o mesmo banco.
Rolagem fiscal: uma bola de neve
A rolagem fiscal é o processo de refinanciamento ou reestruturação de dívidas, no qual o governo substitui títulos vencidos por novos, com vencimento futuro. Essa prática permite a quitação de dívidas mesmo sem recursos disponíveis, mas também gera um efeito bola de neve.
Na ausência de recursos para pagar os compromissos, o governo contrai novos empréstimos, trocando uma dívida antiga por outra, acrescida de juros. O problema é que essa prática frequentemente eleva o valor das dívidas sem que os recursos sejam revertidos em investimentos que melhorem o bem-estar da população, perpetuando um ciclo de endividamento.
A reportagem solicitou uma reposta do Governo do Amazonas sobre as falas do deputado federal e aguarda retorno. O espaço para esclarecimentos segue aberto.