Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Aulas sobre saúde sexual e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis como HIV retornam às escolas públicas da rede básica de ensino de todo o país, com ampliação de recursos do Governo Federal. A iniciativa foi anunciada na terça-feira, 25/7, pelo Ministério da Saúde. A expectativa é que 25 milhões de crianças sejam alcançadas.
A ação faz parte do Programa Saúde da Escola (PSE). Criado em 2007, com o objetivo de fomentar a formação de estudantes a partir da atenção, prevenção e promoção da saúde.

A portaria do programa foi publicada na terça-feira. Conforme o documento, a pasta repassará cerca de R$ 90,3 milhões aos municípios que aderiram ao PSE.
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Todos os 62 municípios do Amazonas vão receber o recurso. Para a capital amazonense, o repasse total é de R$ 263.176,00.
Para a professora da rede municipal de ensino da capital amazonense há mais de 30 anos, Cleice Maria, de 56 anos, o retorno da temática no PSE é de “fundamental importância” para aumentar o acesso à informação sobre saúde sexual e prevenção de ISTs para crianças e adolescentes.
“A gente sabe da necessidade de que as nossas crianças precisam de informações que venham de pessoas preparadas e de confiança. Então, retomar essa questão do programa faz com que as nossas crianças fiquem alertas à comportamentos, sinais de doença, e determinadas atitudes, inclusive dentro da própria casa”, disse Cleice Maria.
Segundo o Ministério da Saúde, o ciclo 2023/2024 bateu recorde de adesão, com 99% dos municípios habilitados ao programa. A portaria define um valor variado para cada município dependendo das necessidades dos estudantes da região.
Conforme a psicóloga Deborah Pacheco, as aulas sobre saúde sexual e prevenção de ISTs nas escolas são importantes para amplificar o conhecimento na temática, podendo evitar casos de violência e abusos na infância.
“Se você ensinar uma criança onde deve ou não se deve pegar, o que não é permitido, e ensinar a respeitar o próprio corpo. É salutar e lembrar que o respeito ao próprio corpo nos leva ao autoconhecimento e amadurecimento da autoestima e empatia, ações necessárias para saúde mental”, disse.
Deborah Pacheco, psicóloga
Educação sexual: por que ainda é um tabu?

Para o professor de biologia, Gabriel Melo, um dos principais problemas para ampliar a discussão sobre a temática são os tabus muitas vezes relacionados com a religião.
“Muitas pessoas colocam nessa discussão sobre sexo, sexualidade e saúde sexual como um pecado. E esse tabu é muito complicado para a gente poder resolver”, pontuou Gabriel Melo.
Neste sentido, ele defende que uma forma de abordar o assunto é trazer a realidade do aluno para dentro da sala de aula. Ele também pontua a importância da discussão chegar ao núcleo familiar do aluno.
“Então, a gente tenta que os próprios alunos tragam essas informações para que possam ser discutidas em sala de aula. Incentivar principalmente a discussão dentro da família porque a família que é a base de base da formação do cidadão. Então, não adianta só a escola querer fazer um papel quando a família também não faz o papel dela”, destacou o professor.
A abordagem em sala de aula, de acordo com o professor, parte da morfologia do corpo humano. A partir dela, se inicia a discussão sobre as infecções sexualmente transmissíveis e métodos de prevenção.
“Vale ressaltar que o Amazonas é um dos Estados campeões em algumas infecções como HIV e sífilis”, comentou o professor de biologia Gabriel Melo.
Conforme a professora Cleice Maria, apesar do desenvolvimento tecnológico e do avanço da comunicação com as redes sociais, as discussões sobre saúde sexual e prevenção contra ISTs ainda são rodeadas de tabus, principalmente entre pais e filhos.
“Daí a importância dessa retomada dentro da escola para que a gente possa fazer esse canal. E também é importante para que os pais e as famílias sejam chamados para essa conversa direta, informativa e esclarecedora para gente poder falar a mesma linguagem e tratar com as nossas crianças”
Cleice Maria, professora
De acordo com a psicóloga Deborah Pacheco, deixar que a criança ou adolescente tenham acesso à temática por meio das redes sociais ou amizades coloca os estudantes em uma fragilidade emocional e de caráter.
“A maneira mais saudável de se tratar do assunto é com a participação ativa dos pais na vida escolar de seus filhos por meio de debates e ações sobre a temática”, frisou Deborah Pacheco.