Lauris Rocha e Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Neste domingo 7 de abril, celebra-se o dia do Jornalista. Uma profissão que vai além da paixão insaciável e a maior prova disso é a continuidade no exercício jornalístico, mesmo diante de tantas dificuldades que a profissão impõe no cotidiano.
Os jornalistas Alita Falcão, Islânia Lima e Wilson Reis conversaram com o Portal RIOS DE NOTÍCIAS sobre a carreira, as tendências de mercado, os fatos marcantes e as lutas da categoria.
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É inegável que com o passar do tempo o jornalista teve que se reinventar e se tornar multifacetado. Diante deste novo contexto virtual como fica o papel do jornalismo na sociedade e em um mundo cada vez mais digital?
Para Alita Falcão, diretora de jornalismo na Rede Rios de Comunicação, o conhecimento é a base para um excelente jornalista. Ela conta que comunicar sempre foi um talento nato e começou em publicidade e propaganda. Depois a segunda graduação foi em jornalismo, tornando-se com o tempo a principal função.
“Gosto mesmo de trabalhar com essa comunicação integrada em suas várias vertentes. O jornalismo tem importante papel democrático de dar voz aos anseios da sociedade ao passo que também é importante ferramenta para fiscalização do poder público. Não é à toa que quando um governo envereda para o autoritarismo e a ditadura os veículos de comunicação estão entre os primeiros órgãos a serem atacados”, pondera Alita.

Sobre os momentos mais desafiadores e gratificantes da carreira, Alita compartilha que são sempre aqueles que dão os maiores resultados.
“Foi assim quando comecei como estagiária da Aleam, quando tive o primeiro contrato como repórter de cultura, quando assumi o jornalismo da Prefeitura de Manaus até chegar ao cargo de subsecretária, e hoje diretora de jornalismo da Rede Rios de Comunicação, uma empresa que chega para fazer diferença no mercado e abrir novas oportunidades”, lembra Alita.
Para quem é apaixonado pela profissão e sonha em ser jornalista, a diretora de jornalismo orienta:
“Busque conhecimento, apesar de não ser mais exigência para exercer a profissão, e isso foi um golpe duro, que os jovens busquem a formação acadêmica. Tão importante quanto a prática e as técnicas, o conhecimento é que será a principal base de um bom jornalista. Ele possibilita o olhar crítico e aprofundado sobre os temas e problemas da sociedade”
Alita Falcão, jornalista
Repórter Cabocla
E conhecimento é o que Islânia Lima, a Repórter Cabocla, filha da tia da trufa ou filha de Coari (município distante a 363 quilômetros de Manaus), busca até hoje.
A carreira dela é marcada por luta e sempre pelo olhar interiorano humanizado. O talento era evidente quando, aos 16 anos, começou a produzir o jornal da escola, depois veio a consciência da importância de ter a graduação em jornalismo.
Para realizar o sonho, em 2000, Islânia se mudou de Coari com a mãe conhecida como a ‘Tia da Trufa’. A genitora vendia os doces nas universidade e faculdades da cidade grande para sustentar a família, ainda assim, demorou para a filha de Coari ingressar na faculdade, pois teve que priorizar os filhos.
“Minha mãe me ajudou, entrei na faculdade em 2009, na época não tinha como pagar a mensalidade, então aprendi a fazer trufas com meu irmão, minha mãe e fui para as ruas vender o meu produto. A noite estudava e já no primeiro período vendia as trufas para os colegas, assim conseguia pagar a mensalidade”, relembra a jornalista.


As vendas dos doces no curso de jornalismo duraram até ela começar a estagiar, o esforço em concluir a graduação rederam bons frutos desde então.
“O momento mais marcante aconteceu em 2023, quando ganhei o segundo lugar do prêmio Águas de Manaus Jornalismo Ambiental na modalidade impresso, com uma matéria sobre as palafitas do Beco Nonato, foi um momento muito lindo, importante que coroou os 13 anos de trabalho como repórter foi um presente muito valioso de tantos anos de dedicação e amor à profissão”, celebra.
Segundo Islânia, sem união da categoria não existe vitória, não existe justiça e dias melhores. É dia de comemorar sim a data, mas é preciso refletir qual o papel pelos direitos dos jornalistas.
“Não quero aqui falar de flores, mas de reflexão sobre uma data que representa luta, força, coragem e muita esperança em dias melhores para nossa categoria e tudo depende também de nós, da nossa união, para juntos cobrarmos o que é de direito nosso, por tudo que exercemos de importante para toda uma sociedade”, reflete a jornalista.
Sindicato dos Jornalistas
Luta e respeito pelos profissionais da área é a missão de Wilson Reis, presidente reeleito do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJPAM), localizado na Praça Santos Dumont, 15, no Centro de Manaus.
Ele iniciou a trajetória profissional em 1987, após concluir o curso de bacharel em Comunicação Social na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Ele conta que a leitura, o fato de escrever, fazer comentários sobre o que lia, despertaram a ideia de se tornar jornalista. Ainda no colégio, a redação e a interpretação de texto criaram as condições para estimular este desejo. Wilson foi repórter das editorias de geral, de política e polícia no impresso de 1987 a 1997.
Em 1996, ele passou no concurso público da Prefeitura de Manaus e então resolveu optar apenas por uma atividade de trabalho. “E, tinha um bom motivo: o nascimento das filhas Bruna e Beatriz, em 1998”, lembra.

Sobre os fatos marcantes na carreira vem na memória a entrevista com o ministro Paulo Brossard, na sala VIP do Aeroporto Eduardo Gomes. Ele conta que durante a entrevista se sentiu intimidado pelo ministro da época, mas não aceitou o tom ameaçador por fazer todas as perguntas necessária para uma boa apuração dos fatos. “Não lembro o ano, mas o Brossard seguiu viagem da capital amazonense para Cuba”, conta Reis.
O jornalismo digital
Para o presidente do SJPAM, o futuro é hoje, está na realidade jornalística do mundo contemporâneo. O jornalismo digital não tem perspectiva de retrocessos. O que se deve fazer está intimamente ligado a visão de mundo que se tem para o domínio das tecnologias em constante evolução.
Sem dúvida, o desafio continua em compatibilizar a força dos avanços tecnológicos com o que o jornalismo tem como método científico e ao serviço que presta, diariamente, à sociedade. A qualidade, a ética e o olhar permanente em como responder aos desafios de públicos cada vez mais segmentados, permanecem como preocupações na ordem do dia.
De acordo com Reis, além de aprender conhecimentos necessários para formação profissional nas instituições de ensino superior. Os jornalistas devem estar sempre atentos às tendências desenvolvidas no jornalismo mundial com a introdução das novas tecnologias.
“A sociedade continua interessada em receber informações checadas e com origem em fontes fidedignas. Por em prática alguns artigos do Código de Ética do jornalismo brasileiro é uma forma de blindarmos o próprio jornalismo para aquilo que, em essência e objetivo, ele não foi criado para ser, o de falsear a realidade dos fatos (fake news)”, conclui o presidente do SJPAM.