Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um estudo da Deloitte, divulgado pela Forbes nessa segunda-feira, 8/4, afirma que o alto custo de vida, atualmente, é responsável pela maior preocupação social dos “millennials“, grupo de pessoas nascidas entre os anos de 1984 a 1995. Na pesquisa, o Brasil aparece com 62% dessas pessoas dependendo de um salário no mês, sendo que o maior medo apontado, é não conseguir pagar todas as despesas.
“As informações estão chegando de forma rápida, isso estimula a gente a querer almejar resultados rápidos, sucesso rápido, com altas expectativas, com salários extraordinários, e a gente acaba sendo influenciado por uma sociedade que vive essa pressão social e profissional“, afirma a psicóloga Ione Santos ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS.
É inegável que quem está próximo de atingir os 40 anos se depara em diversos momentos com a frustração de não estar com uma carreira consolidada, além da posse de uma casa própria, carro e a vida financeira em ordem, visto que muitos deles conseguiram ver em seus pais e avós, os “baby boomers”, exemplo dessa estabilidade adquirida com menos idade.
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“As pessoas estão buscando essa liberdade financeira para ter qualidade de vida, mas elas se sobrecarregam, trabalham em excesso e produzem mais. Elas utilizam todo o seu tempo nessa busca incessante para tentar ter essa qualidade de vida, mas acabam adoecendo dentro desse processo.”
Aponta a psicóloga.
Burnout
A pesquisa mostra que 50% dos millennials estão esgotados. A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional está atingindo quatro em cada pessoas ouvidas na pesquisa, cerca de 39% dizem que se sentem estressados ou ansiosos no trabalho.
Ana Caroline, de 22 anos, relatou à REPORTAGEM que há dois anos tem vivido um ritmo frenético de trabalho, o que resultou em uma crise de burnout severa. Ela explica que o esgotamento psicológico impulsionou o transtorno com as demandas do trabalho.
“Eu trabalhei um ano e seis meses em um lugar e saí desse lugar direto para outro emprego. Então, chegou num ponto em que eu estava psicologicamente esgotada, não peguei férias. Eu comecei a me sentir muito sensível, porque tudo que eu fazia minimamente errado, eu me sentia horrível, comecei a ficar muito estressada também.”
Afirma Ana Caroline.
“É como se você estivesse vivendo em 10% todos os dias da sua vida, por longos períodos e, as vezes, cai pra 5% e você não entende porque tá dando tudo de si e parece que nada está fluindo“, descreve a jovem sobre a experiência com o burnout no ambiente de trabalho.
Para a especialista, o burnout é um reflexo de outras síndromes existentes na saúde mental. “Essa síndrome direciona um olhar preocupante para a área profissional, mas geralmente ela está associada a outros transtornos, vem com ansiedade e depressão, por exemplo“, ressalta.
Ione Santos enfatiza que a questão financeira está atrelada a um quadro de adoecimento mental, amparada pelo instinto de sobrevivência do ser humano. “A gente precisa ter um recurso, produzir esse recurso, manter esse recurso, tanto fisicamente quanto em contribuição com a sociedade, isso ultrapassa barreiras associadas apenas a saúde física“, reitera.
O estudo da Deloitte mostrou que os millennials e a geração Z tem se dedicado extremamente ao trabalho. Segundo Marcos Olliver, líder de talentos da empresa responsável pelo estudo, “a maioria dos millennials diz que o trabalho ainda é central para seu senso de identidade, perdendo apenas para sua família e amigos.”