Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O ano de 2024 é mais um ano bissexto, marcado pela adição de um dia extra no calendário. O fenômeno, que ocorre a cada quatro anos, não é apenas uma curiosidade atemporal, mas uma adaptação para manter o calendário alinhado com o tempo em que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol e com os eventos sazonais relacionados às estações do ano.
A trasladação, que ocorre em 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 36 segundos, deixa um excedente que é arredondado para 6 horas. Esse acúmulo de horas extras ao longo de quatro anos totaliza 24 horas, o equivalente a um dia.
A partir disso, entra o fenômeno do ano bissexto. O dia extra surge como uma solução matemática para compensar o tempo excedente e realinhar o calendário com a órbita terrestre.
O mês de fevereiro, o mais curto de todos, é o que recebe esse dia adicional, criado para manter a harmonia entre o tempo e os eventos estacionais.
Histórico
Por trás dessa prática aparentemente simples, há uma história de séculos de evolução do calendário.
O calendário moderno passou por uma série de ajustes ao longo dos séculos para alcançar o que é atualmente. Cada modificação teve o objetivo de sincronizar o sistema temporal com a translação da Terra e os ciclos das estações do ano.
Assim, a cada quatro anos, acontece o ano bissexto, um ciclo que sai de 365 dias e adiciona um dia extra, totalizando 366 dias.
A origem do nome “bissexto” é referente a uma fala do Imperado Romano, Júlio César, um dos responsáveis pela adaptação do calendário. Sua expressão latina “ante diem bis sextum Kalendas Martias”, traduzida como “repetição do sexto dia antes das calendas de março”, revela as raízes do evento.
Como surgiu
A história do calendário remonta aos primórdios de Roma, onde Rômulo, um dos irmãos fundadores, deu origem ao primeiro calendário, composto por 304 dias divididos em 10 meses. Contudo, foi Numa Pompílio, sucessor de Rômulo e segundo rei de Roma, que desencadeou uma série de transformações.
Numa Pompílio ajustou o calendário para 355 dias e 12 meses, iniciando a busca pela sincronização com o ano solar. O calendário romano se tornou lunissolar (baseado nos movimentos da lua e do sol), incorporando o “mensis intercalaris”, um mês extra a cada dois anos para se alinhar com o ciclo solar.
Para aprimorar o calendário, Júlio César, ditador romano, consultou o astrônomo Sosígenes. Adotando o modelo egípcio de 24 horas, César estabeleceu o calendário juliano, com 365 dias regulares, dividido em 12 meses, alguns com 30 dias, outros com 31 e um dia extra a cada quatro anos. E foi dessa forma que aconteceu o “nascimento” do ano bissexto.
As mudanças continuaram com a definição de janeiro e dezembro como primeiro e último mês, respectivamente, e a fixação das estações do ano. A cada três anos, um dia extra após 25 de fevereiro marcava o início dos anos bissextos, mas a imperfeição foi corrigida por Augusto, retirando anos bissextos entre 12 a.C. e 8 d.C.
Assim, após décadas de ajustes e aprimoramentos, o calendário romano evoluiu, moldando a contagem do tempo ao longo dos séculos. O sucessor de Júlio César, o imperador Augusto, foi o responsável por enfim adicionar o dia extra a cada quatro anos, o colocando após 24 de fevereiro.
Aniversário em ano bissexto
Nesse curioso fenômeno, aqueles que nasceram no dia 29 de fevereiro enfrentam um dilema: decidir quando celebrar o aniversário nos anos não bissextos. As opções são entre o último dia do mês, ou aguardar até o primeiro dia de março.
A probabilidade de uma pessoa nascer no dia 29 de fevereiro é de 1 em 1.461, devido à ocorrência quadrienal do ano bissexto. Algumas pessoas aproveitam para brincar com a situação, levando em consideração apenas os anos bissextos para suas comemorações.
Nas certidões de nascimentos também são registradas as datas exatas em que essas pessoas nascem. Conforme a Lei nº 12.662/2012, esse registro impede qualquer alteração nas informações, garantindo que as datas de nascimento desses aniversariantes sejam singulares.