Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O deputado federal Silas Câmara (Republicanos) e familiares foram citados nesta segunda-feira, 3/10, durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, em Brasília.
O relator do colegiado, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) efetuou pagamentos a membros da família do parlamentar por meio de uma empresa de fachada.
Segundo o relator, a CBPA teria utilizado a empresa Network Serviços de Comunicação para transferir valores a dois filhos de Silas — Heber Tavares Câmara e Milena Câmara — e também aos irmãos do deputado, o pastor Jonatas Câmara, presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas, e o deputado estadual Dan Câmara (Podemos). Além da esposa do parlamentar, a deputada federal Antônia Lúcia (Republicanos-AC).

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As transações, conforme Gaspar, levantam suspeitas de envolvimento da família em um esquema de repasses ilegais de recursos da confederação. Durante o depoimento, o presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira, admitiu conhecer o parlamentar, mas negou irregularidades nos pagamentos.
“Eu não poderia deixar de trazer aqui que toda a família, a começar do irmão, dos filhos e da esposa, receberam recursos dessa CBPA através de algumas empresas que levantam muitas suspeitas. Eu não posso ser covarde ao ponto de não trazer ao colegiado as descobertas feitas pela equipe técnica”, comentou Gaspar.
Após contradições e o que os parlamentares classificaram como “falso testemunho”, ele recebeu voz de prisão em flagrante determinada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), com apoio do vice-presidente, deputado Duarte Júnior (PSB-MA). Ele se manteve em silêncio em boa parte do depoimento.
Irregularidades
A investigação aponta que a Confederação da Pesca recebeu cerca de R$ 221 milhões em descontos associativos, valor equivalente a aproximadamente R$ 10 milhões por mês, sem comprovação clara sobre a destinação dos recursos.
O relator destacou ainda o crescimento repentino do número de filiados: de apenas quatro cadastros em maio de 2023, para 64 mil em junho e 196 mil em julho, chegando a 757 mil registros neste ano. Segundo ele, 99,5% dos beneficiários disseram não reconhecer os descontos feitos em seus benefícios do INSS.
O relatório também cita repasses milionários da CBPA a empresas investigadas por fraudes no sistema previdenciário, como a Plataforma Consultoria (R$ 25 milhões) e a Titanium Pay (R$ 15 milhões), sem comprovação de serviços prestados. O caso deve ser incluído no relatório final da CPMI.











