Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Umas das etapas finais do processo de revisão regulatória do uso de cigarros eletrônicos no Brasil, a consulta pública realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apontou que entre as 13.930 participações, 37% foram favoráveis a manter esses dispositivos proibidos no país, enquanto 59% tiveram outro posicionamento.
Ao todo, 5.215 pessoas responderam “sim” à pergunta “Você é a favor desta proposta de norma?”, a qual proíbe o uso do dispositivo eletrônico no país. Outras 8.197 marcaram a alternativa “tenho outra opinião”, o que representa 58,8%, e 518 não responderam, sendo 3,7%.
A consulta ainda perguntou se a proposta de norma possui impactos “negativos”, 8.042 entrevistados, cerca de 57,7%, defenderam que sim, em contrapartida com 5.172 que assinalaram ter repercussões “positivas” a medida, representando 37,1%.
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Em 2019, a Anvisa iniciou um processo de revisão regulatória para reavaliar a decisão relacionada aos cigarros eletrônicos. Como parte dessa ação, foi lançada uma consulta pública no dia 12 de dezembro do ano passado, com o objetivo de ouvir a sociedade civil.
Entenda os riscos
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, a chefe do Núcleo de Prevenção de Riscos à Saúde por Causas Externas e Fatores de Risco da Secretaria Municipal de Saúde, Carla Azevedo, explicou quais são os riscos à saúde associados ao uso do cigarro eletrônico.
“Esses dispositivos eletrônicos para fumar não são seguros para inalação. É importante ressaltar que foram encontradas e classificadas diversas substâncias citotóxicas, cancerígenas, irritantes, causadoras de enfisema pulmonar, além de dermatites.”
Ressaltou Carla Azevedo.
Além disso, a profissional afirma que outro aspecto a ser considerado é a concentração de nicotina. “No cigarro normal é permitido apenas 1 mg de nicotina, e em alguns cigarros eletrônicos, essa concentração varia de 0 até 36 mg. E ainda existe o risco da explosão do dispositivo, que causa lesões na boca e nos dentes”, alerta.
Carla aponta que uma das causas mais graves da indução da fumaça pelo cigarro eletrônico, é a lesão pulmonar, que foi descrita pela primeira vez no ano de 2019. “Devido aos solventes e aditivos que são utilizados nesses dispositivos, essa lesão pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e ocasionar uma insuficiência respiratória”, considera.
Cigarro eletrônico e cigarro tradicional
Segundo a especialista, o cigarro eletrônico está longe de ser uma alternativa ao cigarro tradicional na redução dos danos para fumantes, e o consumo dessa nova fórmula aumenta o vício no tabagismo e reforça o comportamento prejudicial.
“Um dos aspectos que reforçam esse comportamento é a facilidade. Você não precisa acender o cigarro eletrônico e usá-lo até o final, como é feito no cigarro convencional. A pessoa, em algum momento, retira o dispositivo eletrônico do bolso, inala por duas, três vezes, e guarda novamente”, reitera.
A gestora do núcleo de saúde relaciona a facilidade em usar o dispositivo eletrônico com o cheiro mais tolerável e até agradável para algumas pessoas, aliada ao fato de não produzir tanta fumaça.
Conforme a dirigente Carla Azevedo, os profissionais de saúde se dedicam há décadas para orientar a população sobre os riscos que o tabagismo representa à saúde. Ela acrescenta que ainda existe muita apreensão quanto aos efeitos do cigarro eletrônico entre os jovens.