Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Amazonas arrecadou cerca de R$ 15,6 milhões, de janeiro a outubro deste ano, por meio da atividade desenvolvida na mina de Pitinga, no município de Presidente Figueiredo – a 107 quilômetros de Manaus – que foi vendida para empresa estatal chinesa China Nonferrous Mining Co., Ltd. (CNMC).
Anunciada pela Mineração Taboca na última terça-feira, 26/11, a jazida antes era operada por uma companhia peruana. A empresa comprada por por US$ 340 milhões possui a maior reserva de cassiterita (minério de estanho) do Brasil.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS apurou com exclusividade, dados da arrecadação do estado com a mineração na região, conforme informações repassadas pela Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz), além de trazer detalhes sobre a produção da mina de Pitinga.
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Terra das Cachoeiras (e dos minérios)
Popularmente conhecido como “Terra da Cachoeiras”, o município de Presidente Figueiredo, que possui mais de 140 cachoeiras catalogadas, também possui outras atividades econômicas que vão além do cenário amazônico encantador e conhecido mundialmente.
As atividades mineradoras na região já existem desde 1969 e hoje geram cerca de 2 mil empregos diretos no município, com a extração de cassiterita, tantalita e columbita.

De acordo com a Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás (Semig), a mina de Pitinga não extrai urânio e, há 10 anos, havia sido vendida para a empresa peruana Minsur. Agora, foi vendida pela empresa privada a estatal chinesa que tem gestão direta do governo chinês, comandado pelo presidente Xi Jinping.
Produção
O minério de estanho é extraído do mineral cassiterita. O estanho possui aplicabilidade versátil e não tóxico que desempenha um papel fundamental na aplicação de tecnologias ecológicas e ajuda a combater a poluição. A Taboca produz a marca MAMORÉ, registrada na bolsa de metais de Londres (LME).
As ferroligas contendo nióbio e tântalo produzidas pela Taboca são a partir da fundição dos minérios columbita e pirocloro, extraídos da mina de Pitinga, as ferroligas são comercializadas sob duas formas: FeNb e FeNbTa.


O FeNb (ferro-nióbio), contendo 55% min de Nb, é utilizado na indústria siderúrgica para a fabricação de aços especiais em diversos segmentos econômicos tais como: construção civil, indústrias naval, automotiva, óleo e gás bem como energias renováveis.
O FeNbTa (ferro-nióbio-tântalo), contendo 6% min de Ta, é largamente utilizado na indústria química para obtenção de produtos de alta pureza e performance destinados às indústrias eletrônica (capacitores e outros componentes), aeroespacial (turbinas) e diversas áreas da saúde como implantes de marcapassos.
Valores de extração
A arrecadação é realizada pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Uma vez recolhida, a CFEM é distribuída mensalmente pela ANM aos estados, Distrito Federal, municípios e aos órgãos da administração da União.
Em 2023, a empresa obteve uma produção de 5.386 toneladas de estanho refinado e 4.410 t de ferroligas (superando o recorde histórico de 4.008 toneladas), que geraram uma receita de US$ 256 milhões, um recuo de -3% em relação a 2022.
Conforme a Secretaria de Mineração, isso foi motivado principalmente por demoras, com consequente aumento de custos, no transporte devido ao baixo caudal do rio Amazonas, por onde a empresa transporta o seu concentrado até o litoral de São Paulo e depois, por via terrestre, até Pirapora.
O Ebitda também teve forte redução, de -37% sobre o resultado de 2022 e o lucro foi de apenas US$ 4.2 milhões (-92% sobre o ano anterior). Quanto ao valor da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) referente à cassiterita, observou-se um aumento de 24,3% de 2022 para 2023.
Já em 2024, até o mês de outubro, o montante arrecadado alcançou a cifra de R$ 15.603.324,46 (figuras 1e 2), isto representa mais de 90% na arrecadação da CFEM do Amazonas. Segundo a Sefaz, a empresa Mineração Taboca está na 83ª posição na lista dos 500 maiores contribuintes de 2024 até o mês de outubro.