Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Os últimos dias do mês de julho estão trazendo um desafio climático para os moradores de Manaus. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a capital do Amazonas enfrentará altas temperaturas, com médias de 35,4 graus centígrados, podendo atingir 38 graus na próxima terça-feira, 25/7. Diante dessa perspectiva, a população local é alertada a redobrar os cuidados com a hidratação.
Segundo explicou o meteorologista e pesquisador do Inmet, Mamedes Luiz Melo, o clima equatorial quente e úmido do Estado do Amazonas é agravado pelo fenômeno conhecido como “verão amazônico“, que reduz a quantidade de chuvas na região durante o inverno no hemisfério Sul. Essa combinação tem resultado em temperaturas extremamente quentes para os manauaras.
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“Quanto mais próximo da linha do Equador, como é o caso do Amazonas, o inverno que acomete todo o hemisfério Sul se torna em verão amazônico e reduz as chuvas da região”, explicou.
O cenário não é exclusivo da região amazônica. O hemisfério Norte também está enfrentando uma onda de calor sem precedentes, com recordes diários de temperatura sendo quebrados, de acordo com dados monitorados pela União Europeia e pela Universidade de Maine (EUA).

O mês de julho de 2023 tem sido classificado como o mais quente em “centenas, senão milhares de anos”, segundo o climatólogo da Nasa, Gavin Schmidt, em entrevista realizada na última sexta-feira, 21/7.
“Os dados do climatólogo está relacionado ao hemisfério Norte, que está no período de verão. Tanto que lá, a temperatura tem chegado a acima de 40 graus. Na China, por exemplo, chegou em torno de 35 graus e em países africanos, 50 graus”, informou Mamedes.


Schmidt destacou que esse aumento das temperaturas não pode ser atribuído apenas ao fenômeno do El Niño, que surgiu recentemente. Ele observou que os efeitos são sentidos em todo o mundo, especialmente nos oceanos, onde têm sido registradas temperaturas recordes há meses, inclusive fora dos trópicos. O especialista enfatizou que a introdução contínua de gases de efeito estufa na atmosfera é uma das principais causas do fenômeno.
As projeções para o futuro também não são menos alarmantes. De acordo com o Inmet e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as chances de que 2023 seja o ano mais quente já registrado têm aumentado. Segundo os órgãos, 2024 será ainda mais quente, uma vez que o El Niño está se formando agora e deve atingir o pico no final deste ano.