Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Casos recentes envolvendo bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam bebês reais — têm gerado intenso debate nas redes sociais. Entre os episódios que viralizaram estão o de uma influenciadora que levou seu bebê reborn ao hospital, outra que simulou um parto com o boneco, e um terceiro em que uma mulher procurou uma advogada de Goiás para obter a guarda da boneca e dividir as despesas com o ex-companheiro. Diante da situação inusitada, a advogada recusou o caso.
O tema levantou discussões sobre saúde mental, maternidade simbólica e os limites entre afeto e fantasia. Em entrevista ao portal RIOS DE NOTÍCIAS nesta quinta-feira, 15/5, a psicóloga Márcia Kelly, especialista em terapia cognitivo-comportamental, explicou que o interesse por bebês reborn não deve ser visto de maneira simplista.
“Essas questões tocam em camadas sutis da experiência humana, como vínculo, afeto, necessidade de controle e significado. Para mulheres que enfrentaram perdas gestacionais ou dificuldades de engravidar, o bebê reborn pode funcionar como um símbolo para elaboração do luto, permitindo lidar com sentimentos difíceis”, destacou a psicóloga.
Segundo a especialista, em muitos casos, o bebê reborn representa uma forma de viver o cuidado materno sem os desafios da maternidade real. “É um espaço de fantasia controlada, livre de medos e julgamentos. Contudo, se o uso do boneco se tornar exclusivo, afastando a pessoa da realidade, é necessário avaliar se há sofrimento psíquico”, alertou.


Bebês reborn: entre o afeto e a controvérsia
Os bebês reborn, cujo nome significa “renascido”, são bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos, com valores que variam entre R$ 500 e R$ 11 mil, dependendo dos detalhes e materiais utilizados. Enquanto para alguns representam conforto emocional, para outros são motivo de estranhamento.
Nas redes sociais, as opiniões são divididas. “Cada caso é um caso. Algumas pessoas usam para lidar com o luto ou realizar o sonho da maternidade. Outras sabem que vídeos com esses bonecos viralizam rápido”, comentou um internauta. Outro questionou: “Tantas crianças em orfanatos precisando de amor, e pessoas apegadas a bonecos?”.
A psicóloga Márcia Kelly finalizou ressaltando que a capacidade humana de criar meios simbólicos para lidar com emoções é complexa e vai além de julgamentos superficiais. “Precisamos entender que, para muitos, é uma forma de suprir necessidades emocionais, um reflexo do desejo humano de amar e ser amado.”