Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A viagem do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), continua repercutindo na Câmara Municipal. Nesta quarta-feira, 12/3, o vereador Coronel Rosses (PL) denunciou um esquema de corrupção, utilizando um modelo de apresentação em PowerPoint similar ao que ficou famoso na Operação Lava Jato.
O chefe do Executivo foi colocado como figura central da acusação, conectado a 14 pontos de investigação, entre eles “aniversário milionário”, “patrimônio incompatível” e “conflito de interesses”.

Festa milionária e relação com fornecedores
Durante discurso na tribuna, o vereador alegou que a viagem ao Caribe teria sido financiada por fornecedores da prefeitura. Segundo ele, a celebração teria custado mais de R$ 1 milhão.
“Depois de descobrimos que não houve retiro espiritual, que houve sim uma festa do mundo, que foi aquilo que assistimos nos vídeos, que a viagem foi acompanhada de fornecedores da prefeitura, que a conta de uma festa atingiu valores superiores a um milhão de reais, e que essa conta foi paga por fornecedores da prefeitura. Mais uma péssima surpresa para os manauaras e para os amazonenses”, denunciou o parlamentar.
Leia também: Vereador pede investigação no preço do combustível em Manaus
Ainda de acordo com Rosses, secretários municipais e um secretário de estado também participaram do evento e se beneficiaram do dinheiro público.
“Essas ditas autoridades não pagaram nem hotel, porque não ficaram em hotel. Ficaram todos em uma casa alugada, paga por um fornecedor da prefeitura”, afirmou.
Denúncia no Ministério Público e Tribunais de Contas
O vereador afirmou que já solicitou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendam todos os pagamentos das empresas envolvidas até que as investigações sejam concluídas. Ele também disse que pedirá ação do Ministério Público Estadual (MPE-AM) e do Ministério Público Federal (MPF), pois haveria indícios de uso de recursos federais.
“Estou solicitando do TCE, do TCU, a imediata suspensão de todos os pagamentos dos fornecedores da prefeitura que estavam nessa tal festa mundana. Solicitarei também o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal, porque nós temos verbas utilizadas do governo federal”, destacou Rosses.
Na terça-feira, 11/3, o vereador gravou um vídeo protocolando um pedido no Ministério Público do Amazonas solicitando a investigação de possíveis atos de improbidade administrativa e corrupção envolvendo o prefeito de Manaus. No pedido, ele requer a apuração das denúncias amplamente divulgadas pela imprensa e a responsabilização do gestor caso as denúncias sejam confirmadas.
Patrimônio incompatível
Outro ponto levantado pelo vereador diz respeito ao crescimento do patrimônio do prefeito. Segundo ele, os valores gastos na viagem seriam semelhantes ao total declarado por Almeida nas últimas eleições.
“Tenho aqui o patrimônio declarado do prefeito de Manaus na última eleição, que, coincidentemente, dá um valor de R$ 1,25 milhão. Coincidentemente, é o valor de 214 mil euros gastos durante essa farra”, afirmou.
Rosses acrescentou que parentes de Almeida teriam sido beneficiados financeiramente por empresas ligadas ao Executivo municipal. “O que nós temos ali são benefícios familiares que, desde 2024, familiares do prefeito vêm sendo beneficiados com pagamentos, com remessas de valor financeiro feito por essas empresas”, completou.
Dispensa de licitação
O parlamentar também citou supostas irregularidades em contratos firmados com a Prefeitura de Manaus. Três empresas – Murby, Rio Peorini e Royaltech – teriam sido beneficiadas com dispensas de licitação.
“Dispensa de licitação é você rasgar todo o procedimento, toda uma especificação técnica daquele fornecedor e escolher aquele que é mais conveniente. E a gente comprovou que essas três empresas tiveram esse benefício”, denunciou Rosses.
O vereador também criticou a ausência do prefeito e do vice-prefeito durante a viagem, afirmando que a cidade ficou sem liderança em um momento crítico.
“Manaus passou um turbilhão de problemas durante esse feriado, mas o carnaval o prefeito garantiu, o pão e circo estava garantido. Agora, um plano de contingência exequível que pudesse minimizar o sofrimento das famílias de Manaus, nós não vimos. Mais uma vez, ressalto: não estava nem o prefeito, nem o vice-prefeito”, criticou.
O discurso de Rosses provocou reação no plenário, com parlamentares de oposição apoiando a iniciativa e aliados do prefeito tentando minimizar as denúncias.
Questionada sobre as denúncias, a Prefeitura de Manaus ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.