Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O ingrediente que não pode faltar no mais saboroso X-Caboquinho, é o Tucumã. O fruto amazônico que, ao longo dos anos, se tornou patrimônio cultural e imaterial da cidade de Manaus está ameaçando cafés da manhã e tucumãzeiros locais devido ao seu alto custo de comercialização.
Em conversa ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o proprietário do Kafolha Café, Alexandre Viana, de 43 anos, relata a situação enfrentada pelos comerciantes locais. Segundo ele, o preço da saca de tucumã disparou para mil reais. “Aumentou demais, o pessoal está alegando que foi por causa da queimada do ano passado. Acho que já está chegando o tucumã de Roraima, era para estar mais barato“, ressalta.
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“Devido a demanda ser muito grande, eles não querem baixar, e nós pequenos comerciantes estamos no prejuízo, porque a saca de tucumã está saindo a mil reais para eles, e aí eles fornecem a polpa para a gente a R$ 150, 200 reais o quilo. Não dá para a gente ganhar nada, saímos no prejuízo. Alguns cafés que trabalham com pão mais recheado não tem condição de comprar uma polpa neste preço. Graças a Deus, eu ainda estou, porém preciso aumentar o sanduíche, aí o pessoal vai reclamar, né?”
Alexandre Viana, comerciante
Para muitos outros pequenos comerciantes, a pressão é dupla: não apenas enfrentam margens de lucro estreitas devido aos altos custos, mas também temem o impacto de aumentar os preços dos sanduíches para compensar o investimento. “Algumas pessoas ainda entendem os valores, mas está um absurdo mesmo“, acrescenta Alexandre.
Além de ser um ingrediente fundamental na culinária local, o tucumã também desempenha um papel crucial na economia e na cultura da Amazônia, sendo uma fonte de renda para muitas comunidades que vivem do plantio, extração e venda da matéria-prima por pequenos produtores e cooperativas.
Entenda a safra
Ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), informa que a safra da cultura do tucumã ocorre entre os meses de janeiro e maio, desta forma, o processo atual é de final da safra.
Em algumas localidades, segundo o instituto, existem colheitas dos frutos durante outros períodos, devido a fatores relacionados à genética das plantas, microclimas, manejo da cultura, dentre outros. Sendo assim, existe uma produção pequena de tucumã durante o ano todo.
Segundo o órgão, o Amazonas contabilizou em 2023, 38.676,00 sacas produzidas. Dentre os municípios produtores, estão: Iranduba: 10.000 sacas, Coari: 6.000, Manicoré: 4.000, Benjamin Constant: 2.480 e Manaquiri com 2.200 sacas.