Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A disputa pelo Essequibo persiste há mais de 200 anos, mas ganhou força em 2015 com a descoberta de petróleo em seu território de 160 mil km², que supera o tamanho do Ceará e da Inglaterra. Atualmente, as riquezas dessa área são cobiçadas por outros países, principalmente pela Venezuela.
Em um referendo conduzido por Nicolás Maduro, no dia 3 de dezembro, os venezuelanos aprovaram a anexação do território de Essequibo que pertence oficialmente à Guiana desde 1899, mas é reivindicada pela nação vizinha.
No entanto, a Guiana, situada a oeste da área em disputa, vê tal movimento como uma ameaça à sua soberania, reafirmando que as fronteiras do país não estão em negociação.
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Essequibo, ocupando 70% do território da Guiana, tornou-se um epicentro de tensão desde 1885, quando jazidas de ouro foram descobertas na região amazônica e nos “Escudos das Guianas”. Essa área exposta da crosta terrestre é rica em minerais como ouro, bauxita e urânio, além de recursos naturais como produtos da floresta e água potencialmente utilizável para consumo e geração hidrelétrica.
Não apenas em terra, mas o mar territorial na região também é considerado um tesouro, especialmente na extremidade oeste, próxima ao delta do rio Orinoco na Venezuela, onde as reservas de petróleo são abundantes. A disputa pelo Essequibo ultrapassa fronteiras, envolvendo as questões territoriais, e o acesso a importantes recursos cobiçados por outros países.
Riquezas
De acordo com a multinacional americana ExxonMobil, a capacidade da Guiana colocaria o país entre os maiores produtores de petróleo da América Latina, superado apenas por Brasil e México, mas à frente da Venezuela.
Além disso, a economia da Guiana é uma das que mais cresce no mundo, neste ano o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 25%. Em 2022, o país cresceu 57,8%.
Reunião
A reunião que ocorreu nesta quinta-feira, 14/12, com os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, terminou sem um acordo sobre a disputa pelo território, apenas com um aperto de mãos.
Em Caracas, a Assembleia Nacional venezuelana optou por adiar a aprovação da lei de anexação do território, aguardando os desdobramentos das negociações em São Vicente e Granadinas, no Caribe.
Após a reunião, o presidente guianense, Ali, destacou o direito de seu governo explorar recursos em seu espaço soberano. Ele declarou que a Guiana, não buscando a guerra.
“A Guiana não é o agressor, não procura a guerra. A Guiana reserva-se o direito de trabalhar com os nossos aliados para assegurar a defesa do nosso país”, disse o presidente guianense.
Segundo o relato do regime chavista, ambos os lados manifestaram disposição para manter o diálogo. Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais do governo brasileiro, desempenhou o papel de mediador no encontro, sinalizando esforços diplomáticos em meio à complexa situação regional.
Brasil
O Brasil será o palco da próxima reunião entre os líderes da Guiana e da Venezuela, marcada para ocorrer em até três meses. O encontro em São Vicente e Granadinas, entre Nicolás Maduro e Irfaan Ali, desempenhou um papel importante na redução das tensões relacionadas à crise do Essequibo.
A reunião agendada para território brasileiro visa abordar qualquer assunto com implicações para a região disputada, sinalizando esforços contínuos para buscar soluções diplomáticas e aliviar as tensões na área em questão.