Letícia Rolim – Rios Noticias
MANAUS (AM) – Em meio ao repúdio generalizado aos atos de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Vinicius Jr., do Real Madrid, durante uma partida contra o Valência no último domingo, 21/5, o presidente da Federação Amazonense de Futebol, Ednaílson Rozenha, reafirmou postura rígida e intransigente da entidade em relação a esse tipo de comportamento discriminatório.
“O racismo apesar de ser um crime já codificado, imprescritível, inafiançável, as pessoas ainda acham que ele é um crime menor. Pelo contrário, ele tem característica de crimes muito grandes. O que ocorre é que geralmente as pessoas não sabem os direitos que tem e não sabem os deveres que tem.” ressaltou Rozenha.
O presidente da Federação Amazonense deixou claro que não haverá tolerância para o racismo em Manaus ou qualquer lugar do Estado do Amazonas. A entidade está empenhada em identificar os responsáveis pelos atos discriminatórios e aplicar medidas punitivas severas.
“Racismo é crime! A Federação vai bater com mão de ferro se isso acontecer em Manaus ou no Amazonas, principalmente se a gente conseguir identificar. Pode esperar. As pessoas sabem, eu não brinco. Se acontecer vai algemado pra cadeia. Lembrando que o crime de racismo é um crime grande, não é fácil você se soltar da cadeia se configurado o racismo”
Ednaílson Rozenha, Presidente da Federação Amazonense de Futebol
A postura firme da FAF deixa claro que o combate ao racismo é uma prioridade no esporte, e todas as medidas cabíveis serão tomadas para garantir um ambiente seguro, inclusivo e livre de discriminação nos campos de futebol do Amazonas, garantiu o presidente.
Repúdio coletivo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua indignação e exigiu ação imediata contra a intolerância no futebol após o jogador brasileiro Vini Jr., do Real Madrid, ser alvo de atos racistas durante uma partida em Valência.
“Não é possível que quase no meio do Século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa”, declarou Lula. “Não é justo que o menino pobre que venceu na vida, que está se transformando possivelmente em um dos melhores [jogadores] do mundo – certamente do Real Madrid é o melhor – seja ofendido em cada estádio que ele comparece”, acrescentou.
Após participar da Cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, Lula manifestou solidariedade ao talentoso jogador e fez um apelo à FIFA, à Liga Espanhola e a todas as ligas do futebol do mundo para que tomem medidas enérgicas contra o racismo e o fascismo que têm infestado os estádios.
O presidente ressaltou que é necessário preservar o verdadeiro espírito do futebol, que deve ser um espaço de inclusão e celebração da diversidade. Ele acionou as autoridades do esporte e os torcedores para se unirem na luta contra o racismo, para que o futebol seja um exemplo de respeito e igualdade.
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) informou que acionará autoridades da Espanha para tomar providências após o racismo sofrido pelo jogador do Real Madrid, no jogo do seu time contra o Valência, no Estádio Mastalla, casa do adversário.
“Repudiamos mais uma agressão racista contra o Vini Jr. Notificaremos as autoridades espanholas e a La Liga [Liga de futebol da Espanha]. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências”, diz uma nota divulgada nas redes sociais.
O Real Madrid, clube do jogador brasileiro Vini Jr., emitiu uma nota oficial nesta segunda-feira, 22, manifestando repúdio aos atos racistas ocorridos durante a partida de futebol.

Essa não é a primeira vez que o jogador é atacado. Vini Jr. usou suas redes sociais para desabafar sobre a situação e expressar sua tristeza com a La Liga, enfatizando que o racismo é visto como algo normal na competição. Apesar das adversidades, Vini Jr. mostrou sua força e determinação em combater o racismo, prometendo continuar a luta mesmo de longe dos campos, já que foi expulso.
Penalidades
De acordo com o advogado Gustavo Barbosa, o crime de racismo é considerado inafiançável. Diante disso, é fundamental que o jogador ou qualquer pessoa que seja vítima desse tipo de ataque racista procure imediatamente uma delegacia para relatar o ocorrido e solicitar a instauração de uma investigação sobre o caso.
“Conforme a legislação pátria, quem prática esse tipo de atitude incorre no crime de racismo. No Brasil, o crime de ração é inafiançável e considerado imprescritível. A pessoa que sofre esse tipo de ataque racista, pode procurar as delegacias e relatar o ocorrido. Solicitando que seja instaurado uma investigação sobre o caso. Após o devido processo legal, a pessoa pode ser condenada a uma pena que varia de 2 a 5 anos em reclusão”
Gustavo Barbosa, advogado
Gustavo citou a importante alteração legislativa que ocorreu recentemente, trazendo amplas consequências para o combate ao racismo no Brasil. “Recentemente houve uma alteração legislativa que tipificou como racismo a injúria racial. Ou seja, qualquer ataque no sentido de ofender uma pessoa por conta de sua cor, é considerado racismo. Que por sua vez, é considerado um crime contra toda a coletividade”, disse Barbosa.
Essa mudança representa um avanço significativo na proteção dos direitos fundamentais e da dignidade de todos os indivíduos. É fundamental que as vítimas exerçam seu direito de denunciar e que as autoridades atuem de forma efetiva na investigação e responsabilização dos agressores.