Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O trânsito da capital amazonense é considerado desafiador para muitos manauras. Ruas congestionadas, transporte público sobrecarregado e a falta de infraestrutura são algumas das dificuldades enfrentadas diariamente pela população de Manaus.
De acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus possui 2.063.689 habitantes, sendo que quase 1 milhão de veículos – 988.298 – circulam diariamente na capital, sendo a grande maioria de carros e motocicletas, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM).
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com especialistas que apontaram algumas medidas que podem melhorar a mobilidade urbana na capital amazonense, como investimentos no transporte coletivo multimodal e ampliação das ciclovias e calçadas.
Sistema de Transporte
Para o engenheiro civil e vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (CREA-AM), Robson Ferreira, Manaus precisa da implementação de um Sistema de Transporte Público, que segundo ele, atualmente, não existe na cidade.
“Existe em Manaus só um transporte público, que são os ônibus, que tem seus problemas. Enquanto forem apenas eles, continuarão tendo problemas. Então, nós precisamos expandir isso para outras modalidades, como o BRT [Bus Rapid Transit], que é um sistema de ônibus com vias exclusivas”, explicou.



Robson Ferreira também reforçou a necessidade da implementação de um metrô de superfície, como o Monotrilho. Ambas as modalidades já foram prometidas para a população, como projetos a serem executados para Copa do Mundo de 2014. No entanto, nenhum deles chegou a efetivamente sair do papel.
“Nós podemos pensar também em um transporte público fluvial. Nós temos uma cidade em que seus lados Leste, Sul e Oeste é toda cercada por rios, mas nós não temos um transporte coletivo usando essa via natural, que é o Rio Negro. O fluvial também pode fomentar o turismo na região”, apontou o especialista.

Trânsito para as pessoas
O engenheiro de trânsito Manoel Paiva reforçou a necessidade de se investir em transporte de massa, seja ele ônibus, trem ou outros. Para ele, é importante que o transporte coletivo seja o ponto principal para o deslocamento das pessoas na capital amazonense, visando priorizar a hierarquia da mobilidade.
“Nós precisamos de um transporte que possa transportar as pessoas. Esse é efetivamente o ponto principal. Nós acreditamos também que a política de se fazer viaduto é importante até certo limite, porque ele é bom não para as pessoas e sim para os automóveis. Nós temos que tornar Manaus uma cidade para as pessoas”, comentou.

Mas para que isso aconteça de fato, algumas medidas estruturantes na administração pública devem ser adotadas, segundo a arquiteta e urbanista Jordana Freitas, conselheira superior suplente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Amazonas (IAB-AM), que busca colaborar com o Poder Público.

“A gente precisa de um corpo técnico qualificado que não esteja diretamente envolvido com os políticos, para que se tenha um plano de trabalho contínuo. É preciso também somar com os estudantes, o corpo técnico de professores e institutos que já conhecem a realidade da cidade de Manaus”, comentou Freitas.
Investimentos
Conforme apurado pelo Portal RIOS DE NOTÍCIAS, somente o Fundo Municipal de Mobilidade Urbana (FMMU) movimentou mais de R$ 1,6 bilhão nos últimos quatro anos, de acordo com o Portal da Transparência. O Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) até anunciou algumas medidas, mas os desafios ainda são grandes.
“Em janeiro, conseguimos reduzir em 40% o número de acidentes fatais comparado ao mesmo período do ano anterior. É uma redução significativa, e queremos avançar ainda mais. No entanto, para que os índices continuem caindo, é essencial que os condutores respeitem a legislação”, disse Stanley Ventilari, diretor de Operações do IMMU.


Enquanto isso, intervenções como o aumento da quantidade de semáforos nas principais vias da cidade e a construção de complexos viários que não tem saído como o esperado, são adotadas pela gestão municipal.












