MANAUS (AM) – A Executiva Nacional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) autorizou, por unanimidade, em reunião realizada na terça-feira, 29/4, o início oficial das discussões para a fusão com o partido Podemos. A medida é vista como uma estratégia de sobrevivência no atual cenário político, com foco nas eleições de 2026.
“Avançaremos na busca de uma alternativa partidária que se coloque no centro democrático, longe dos extremos, e que permita ao país voltar a se desenvolver. A partir de agora, as consultas serão ampliadas e as várias instâncias partidárias serão ouvidas”, diz a nota divulgada pelo PSDB.
A direção nacional do Podemos também se manifestou pelas redes sociais.
“O Podemos recebe com entusiasmo a decisão da Executiva Nacional do PSDB de autorizar oficialmente o início das discussões sobre a fusão entre os partidos. Essa sinalização fortalece o caminhou já vínhamos construído, pautado pelo diálogo, respeito mútuo e pela busca de uma alternativa sólida para o Brasil”, afirma o trecho inicial do comunicado do Podemos.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com os líderes partidários no Amazonas, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) e a deputada estadual Alessandra Campêlo (Podemos-AM), para repercutir os impactos e desdobramentos dessa junção.
Para o senador Plínio Valério, a fusão é uma medida necessária diante das exigências da próxima eleição.
“A fusão é pela necessidade de enfrentar a próxima eleição. O número de deputados federais deve crescer para, no mínimo, 33, podendo haver adesões. Isso melhora o fundo partidário e aumenta o tempo de televisão. Partidos grandes, como União Brasil e PP, já se uniram com esse mesmo objetivo”, avaliou.
Senador Plínio Valério (Foto: Divulgação)
A deputada estadual Alessandra Campêlo reforçou que o movimento é uma forma de fortalecer o centro político.
“É natural, neste momento pré-eleitoral, que partidos optem por federações e fusões. No caso do Podemos, buscamos fortalecer o centro democrático, construindo uma alternativa sólida com foco na estabilidade institucional e no desenvolvimento sustentável do país, longe dos extremismos”, declarou.
E no Amazonas?
A fusão entre os partidos também deve ter desdobramentos locais. No entanto, a deputada Alessandra Campêlo disse que ainda não há definições.
“Vamos aguardar orientações da direção nacional para qualquer decisão local”, ressaltou.
Já o senador Plínio Valério acredita que a base amazonense entenderá a necessidade da fusão.
“A discussão no Amazonas ainda não ocorreu, mas conheço grande parte dos filiados. Eles vão entender que é o melhor para nós: um partido mais forte, com mais recursos, participando ativamente das negociações e da própria eleição. Vamos surgir como uma alternativa viável”, destacou.
Análise: sobrevivência política em tempos de reconfiguração
Para o advogado e cientista político Helso do Carmo Ribeiro, a fusão entre PSDB e Podemos representa uma tentativa de recuperação de espaço e influência.
“Desde que Aécio Neves perdeu para Dilma Rousseff em 2014, o PSDB não teve mais o protagonismo de antes. O partido, que já foi um dos principais do país, vem se apequenando. A cada eleição, perde mais cadeiras. Já o Podemos nunca teve uma bancada numerosa. São partidos de médio a pequeno porte em comparação ao que já foram”, avaliou.
Segundo ele, ambas as legendas vêm adotando posições de centro e centro-direita nos últimos anos, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, embora com bancadas reduzidas.
“No ano passado, conversei com o senador Plínio Valério e ele já mencionava a fusão. A união deve trazer benefícios como o aumento da bancada, maior fatia do fundo partidário, mais tempo de TV e maior atratividade para novas filiações. É uma questão de sobrevivência política diante da polarização entre direita e esquerda”, afirmou.
Próximos passos
Segundo Alessandra Campêlo, ainda em maio uma comissão com representantes dos dois partidos vai definir detalhes como o nome da nova sigla, número, direções partidárias e outros pontos técnicos.
“Juntos, estaremos mais fortes para propor soluções para o Brasil e para cada estado e cidade”, disse a deputada.
O PSDB também anunciou que uma Convenção Nacional será realizada no dia 5 de junho, ocasião em que a fusão será votada, junto com eventuais alterações no estatuto partidário.