Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Sousa, e o presidente da Câmara de Vereadores do município, o vereador Henri Braga, são alvos de investigação da Polícia Federal por crimes de desvios de recursos públicos e fraudes em licitações. A “Operação Emergência 192“, deflagrada nesta quinta-feira, 28/9, mobilizou 25 agentes federais e cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em locais estratégicos identificados durante a investigação. Entre eles, o Condomínio Itaporanga 3, no bairro Tarumã.
A investigação se concentrou nos contratos celebrados pela Prefeitura de Rio Preto da Eva, a 79 quilômetros de Manaus, para a compra de medicamentos e uma ambulância no ano de 2020.
No balanço parcial da operação, foram feitas duas prisões em flagrante, além da apreensão de cinco armas, munições, documentos, aparelhos eletrônicos e artigos de luxo.
As medidas cautelares de busca e apreensão têm como objetivo obter evidências que comprovem os crimes e esclarecer o destino dos recursos públicos desviados. A soma das penas decorrentes dos crimes de fraude à licitação, peculato (desvio de recursos públicos) e associação criminosa pode acarretar em até 19 anos de prisão.
Investigações
A investigação teve origem a partir de denúncias que inicialmente questionavam a eficácia terapêutica dos medicamentos adquiridos por meio de dispensa de licitação. Além disso, surgiram suspeitas quanto à idoneidade da empresa contratada, cuja atividade principal não está relacionada ao setor hospitalar, mas ao comércio varejista de materiais de construção.
Durante o processo de investigação, surgiram indícios de conluio entre empresas concorrentes, pois as propostas apresentadas em licitações continham semelhanças textuais e erros ortográficos idênticos. Essa semelhança sugere um possível acordo prévio para manipular os resultados dos processos licitatórios.
Foi constatado também que os sócios das empresas concorrentes mantinham relações pessoais e de confiança entre si, incluindo relações afetivas e procurações outorgadas. Esses fatos suscitam preocupações sobre a falta de competitividade e isenção nos processos licitatórios.
Além disso, foi revelado que alguns sócios das empresas investigadas já ocuparam cargos de assessores comissionados na Prefeitura de Rio Preto da Eva e possuem vínculos políticos e pessoais com outros sócios das empresas sob investigação.
Após análise de dados financeiros, foram identificados saques fracionados e transferências suspeitas nas contas bancárias das empresas envolvidas, imediatamente após os pagamentos efetuados pela prefeitura.