Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Brasil já conquistou mais de 400 pódios na história dos Jogos Paralímpicos. O país participa pela 14ª vez da competição, em Paris 2024. Tais resultados não deixam dúvidas: o Brasil está entre as maiores potências das Paralímpiadas.
Além da expressiva quantidade de medalhas de ouro – mais de 120 – conquistadas na história, a melhora gradativa da colocação do Brasil no quadro geral com o passar das edições foi fundamental para colocar o país de vez entre os melhores nos Jogos Paralímpicos.
Exemplo dessa evolução gradual do país foi quando na edição de Atlanta, em 1996, o Brasil terminou a competição em 37º lugar geral com 21 medalhas, sendo 2 de ouro, 6 de prata e 13 de bronze. Já em Tóquio, em 2021, quase 30 anos depois, o Brasil terminou em 7º lugar, com 72 medalhas, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. Em Paris 2024, que acontece até o dia 8 de setembro, o país já conquistou até estão mais de 50 medalhas.
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Investimento e Inclusão
Os resultados positivos nos últimos anos fazem com que se chegue a reflexão do que motivou o Brasil a se tornar uma potência nos Jogos Paralímpicos. Em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, a educadora física Wiviane Ferreira, da Fundação Manaus Esporte (FME), apontou o que pode ter gerado tais resultados positivos.
“Para que o Brasil se torne uma potência paralímpica é um conjunto de variáveis que se interrelacionam e cada uma delas desempenha um papel crucial no sucesso dos atletas. Por exemplo, o investimento em infraestrutura e o suporte financeiro é fundamental, porque permite que atletas tenham mais acesso a melhores condições de treinamento”, comentou Wiviane Ferreira.
A profissional, que é experiente no treinamento de atletas e paratletas, ressalta que a identificação e o desenvolvimento de talentos que estejam em escolas ou espaços públicos, também garante que mais pessoas com deficiência possam entrar no esporte para se destacar.
“As competições locais são muito importantes, e não só para preparar os atletas para os níveis mais altos da competição, mas também para aumentar a visibilidade de esportes paralímpicos, o que é essencial para atrair mais apoio e investimento público e privado”, ressaltou a professora.
Wiviane Ferreira destacou que a partir desse conjunto de fatores, é possível observar e se inspirar nas histórias dos paratletas brasileiros, que segundo ela, servem de motivação para toda a população do país, sendo um reflexo do trabalho e dedicação de todos os envolvidos.
“Tudo passa pela inclusão e a conscientização sobre as capacidades das pessoas com deficiência, porque elas são capazes de fazer e tem mudado a percepção da sociedade, tornando-a mais receptiva, acolhedora, isso acaba inspirando novas gerações a se envolverem no esporte. Um exemplo disso é o quadro de medalhas, que a cada quatro anos cresce ainda mais”, concluiu a profissional.
Lei Agnelo/Piva
Às vésperas dos Jogos de Sydney, em 2001, a aprovação da Lei Agnelo/Piva foi um marco para os atletas e paratletas do Brasil, sendo um respaldo financeiro e uma fonte permanente de recursos para o esporte no país.
Essa lei prevê que que 2,7% do total bruto de arrecadação das Loterias Caixa, descontadas as premiações, sejam destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), nas proporções de 62,96% e 37,04%, respectivamente.
Os principais fatores para o sucesso do esporte paralímpico no Brasil são oriundos, basicamente, do investimento federal, do apoio empresarial a projetos e iniciativas fundamentais para mudar e ampliar a realidade dos atletas paralímpicos no país e a aliança entre o CPB e faculdades, universidades e academias.