Gabriela Brasil – Rios de Noticias
MANAUS (AM) – O prédio onde funciona a Associação solidária humanitária do Amazonas, denunciada por suspeita de prática de um esquema de tráfico humano no Estado, passou por revista da Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira, 26/7. O local que funciona no bairro São Jorge, Zona Oeste de Manaus teve a fiscalização em conjunto do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Segundo a Polícia Federal, o esquema é referentes ao tráfico de crianças e adolescentes indígenas, do município de São Gabriel da Cachoeira, a 852 quilômetros da capital amazonense, cooptadas a aderirem a religião islâmica. As famílias são aliciadas e com a promessa de uma vida melhor, com oferta de educação e emprego, os adolescentes são entregues voluntariamentes pelos próprios pais ao grupo, que inicia o adestramento ainda em Manaus.
Conforme o conselheiro tutelar da zona Oeste, Cosme de França, esta já é a quarta visita realizada pela Polícia Federal e outros órgãos no local.
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O Conselho recebeu denúncias sobre a associação pela Funai.
“Nós entramos em contato com a Polícia Federal e apresentamos a denúncia para verificar e fazer a fiscalização. No entanto, não conseguimos encontrar ninguém, somente mantimentos”, informou Cosme França, conselheiro tutelar da Zona Oeste
O objetivo era identificar a presença de crianças e adolescentes no prédio da Associação Solidária Humanitária do Amazonas. No entanto, encontraram apenas um grande volume de alimentos, reinterou.
“Estávamos verificando se os adolescentes estão frequentando ou não o espaço. Mas já sabemos que não. A Polícia Federal está fazendo o seu papel para fechar esta investigação. Nós estamos aqui para acompanhar se há adolescentes”
Cosme França, conselheiro tutelar da Zona Oeste
Ainda de acordo com o conselheiro, o espaço da associação é inadequado para receber menores de idade. “Tem os quartos, uma sala, mas o local não é adequado. Então, não tem como isso aqui funcionar. Tem que ter documentação, procedimento e autorização, e não tem”.
Um dos responsáveis pelo local, identificado como “Abdul”, afirmou para a Polícia Federal e para o CMDCA que a associação levava as crianças e adolescentes do interior para o prédio da associação com o intuito de oferecer estudos. Em seguida, elas seriam transferidas para São Paulo, e depois para a Turquia.