Nicolly Teixeira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Dia da Mentira, celebrado nesta terça-feira, 1º/4, é tradicionalmente marcado por brincadeiras em que amigos e familiares contam pequenas mentiras, muitas vezes desejando que fossem verdade, como “ganhei na loteria!” ou “quitei todas as minhas dívidas”. No entanto, a linha entre uma piada inofensiva e a desinformação pode ser tênue, e algumas dessas histórias podem ter grandes consequências.
O que deveria ser apenas uma diversão pode ganhar proporções inimagináveis, colocando vidas em risco. Um exemplo trágico ocorreu com Fabiane Maria de Jesus, dona de casa de 33 anos, que foi linchada e morta por moradores da comunidade de Morrinhos, no litoral de São Paulo. O crime aconteceu após um boato espalhado no Facebook, onde ela foi erroneamente acusada de ser uma “bruxa sequestradora de crianças”.
O caso, ocorrido há dez anos, levantou um intenso debate no Brasil sobre o papel das big techs na disseminação de notícias falsas, discussão que ganhou ainda mais força durante a pandemia da Covid-19. Naquele período, diversas informações falsas circularam nas redes sociais, colocando em dúvida métodos de prevenção e contribuindo para o aumento de casos e mortes. Esse fenômeno não apenas colocou a saúde pública em risco, mas também abalou a credibilidade do jornalismo.
Para entender os impactos da desinformação na imprensa e na sociedade, o portal RIOS DE NOTÍCIAS entrevistou Leila Ronize, coordenadora do curso de Jornalismo da Fametro.
Notícia falsa não existe
Segundo a professora, o próprio termo “notícia falsa” é um erro conceitual, pois uma notícia, por definição, deve ser baseada em fatos, ser verdadeira e de interesse público.
“Na verdade, pelo conceito de notícia e suas características, não podemos falar em notícia falsa. Notícia é uma informação verdadeira, imediata, factual e de interesse público. Assim, só a definição já aponta para a inadequação do termo”, explica.

Ela também destaca que a desinformação pode ocorrer tanto por falha na apuração quanto por intenção deliberada de enganar.
“O que podemos comparar são boatos, que surgem pela falta de cuidado ao buscar informações, e as chamadas fake news, que são plantadas propositalmente para prejudicar uma pessoa ou entidade”, acrescenta.
Impacto na sociedade e no jornalismo
A disseminação de informações falsas tem consequências graves para a sociedade, minando a confiança no jornalismo profissional. Leila alerta que muitas pessoas acreditam apenas no que reforça suas próprias opiniões, colocando a verdade em segundo plano.
“O impacto no Jornalismo é grande, pois as pessoas preferem acreditar em informações que estejam alinhadas às suas ideias, colocando em xeque a veracidade dos fatos. Boatos ou mentiras deliberadas causam prejuízos à sociedade, promovendo a desinformação e, muitas vezes, gerando pânico desnecessário”, finaliza.