Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O economista e articulista Osiris Araújo da Silva fez diversas ponderações, nesse sábado, 3/2, sobre a gestão fiscal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No perfil da conta no Facebook, o economista que integra o Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e é membro do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), criticou a atuação internacional do presidente brasileiro.
Segundo Osiris, o presidente Lula “precisa deixar de perseguir adversários e de se envolver em políticas internacionais das quais nada entende. O Brasil paga um preço elevadíssimo pelas bravatas do chefe da nação”.
O economista fez uma análise sobre o desempenho dos principais temas da economia nacional, baseado no quadro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), em que observou “quão deletérias têm sido as intervenções populistas do governo nos agregados econômicos”.
Piora nas finanças
O economista lançou um sinal de alerta para a situação financeira do Brasil, quando o Banco Central divulgou que o governo gastou mais do que arrecadou, acumulando um déficit de R$ 37,3 bilhões em novembro de 2023, pior do que o resultado negativo de R$ 20,1 bilhões em novembro de 2022.
Segundo Osíris, se somar as contas dos últimos 12 meses, o país deve R$ 131,4 bilhões, o que representa 1,22% do que o Brasil produz em um ano, um valor mais alto do que o esperado pelos especialistas.
Osiris também destacou dois pontos críticos:
- o governo está gastando mais do que devia, o que dificulta a correção das contas;
- perspectiva de melhora está fraca, e isso faz com que o custo da dívida suba, chegando a quase 8% do que o Brasil produz.
A previsão, segundo Osíris Silva, é que a dívida continue crescendo e chegue a cerca de R$ 150 bilhões até o final deste ano, sem contar com os pagamentos judiciais que o governo terá que fazer.
Ainda, a análise do economista aponta que as contas do governo são como uma conta bancária, e o governo, na verdade, deve quase 72% do que o país produz. Em adição, ele observou que em novembro do ano passado a dívida subiu para 73,8%, mostrando que o problema só piora.
Inflação e dívida pública
No texto, o especialista opinou sobre a inflação prevista para 2024, onde o ponto principal é a estimativa dos 3% marcados pelo Conselho Monetário Nacional e comentou a firmeza da diretoria do Banco Central diante das “pressões do presidente Lula”, que tentou baixar as taxas de juros, mas foi derrotado, enfatizando uma disputa entre o governo e as decisões econômicas.
Osiris também demonstrou preocupação com a dívida do Brasil que, segundo previsões, vai chegar a 80% do que o país produz em 2024 e pode chegar a 100% em 2037 se não melhorar as contas públicas.
“O presidente Lula da Silva disse em outubro que dificilmente o país cumpriria a meta fiscal em 2024. A trajetória do endividamento é ‘altamente sensível’ à implementação da agenda de reformas”, mencionou.
Baixa demanda de emprego
Ainda, o economista abordou sobre o número de empregos no Brasil em 2023 que, segundo o Caged, gerou 1,4 milhão de empregos formais, uma queda de 26,3% em relação a 2022, que teve 2.013.261 novos empregos. Foram 23.157.812 admissões contra 21.774.214 demissões.
Divulgados pelo Ministério do Trabalho, os dados mostraram que 2023 teve o segundo pior resultado desde 2020. Em dezembro, o saldo ficou negativo em 430.159 vagas. As previsões variavam entre 1.444.786 e 1.836.747 vagas em 2023.
“O mercado financeiro esperava um novo avanço no emprego no ano, e o resultado veio abaixo da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que indicava abertura de 1.538.250 postos de trabalho”, detalhou.
Relação Brasil e Venezuela
Em tom de ironia, Osiris chamou de “Esprit du Corps”, termo em latim para “Espírito de Equipe”, ao apontar sobre o silêncio governo federal sobre a decisão da ditadura venezuelana de inabilitar a candidatura da principal opositora, María Corina Machado.
A ex-deputada teve sua candidatura vetada nas eleições presidenciais deste ano, resultando na reimposição de sanções pelos EUA a Nicolás Maduro. Enquanto isso, países como Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador já condenaram a inelegibilidade da ex-parlamentar.
Aparelhamento do BNDES
O especialista indicou que as ações do governo estão abrindo espaço para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter um papel ainda mais significativo. Para ele, mudanças nas taxas de juros e na origem dos recursos geram preocupações.
Além disso, ele alertou que a pressão para mostrar a implementação de novos projetos para impulsionar o crescimento, junto com as restrições financeiras do governo, pode trazer de volta estratégias financeiras que marcaram o passado do BNDES, receio intensificado pelo plano da Nova Indústria Brasil (NIB).
O texto compartilhado por Osiris explicou que o BNDES será responsável por administrar R$ 250 bilhões em projetos focados em produtividade, inovação, digitalização e descarbonização na indústria nacional.
“Boa parte de recursos vem de fundos, e já se preveem subsídio e repasses não reembolsáveis (sem expectativa de retorno) em parcela das liberações”, escreveu.
O articulista também abordou outros temas e citou fontes midiáticas em sua análise sobre o cenário econômico sob a gestão do governo Lula. Entre elas, o aumento do combustível, que tem deixado brasileiros apreensivos com os recentes aumentos. A Petrobras, que define esses valores, anunciou um aumento significativo de 26% no diesel e 16% na gasolina. Isso se traduziu em um aumento de 8,3% e 2,2% nos postos de combustíveis, respectivamente.
Também, Silva citou o aumento de casos de dengue no Brasil estão se aproximando de 244 mil, como fator influenciador nos números da economia brasileira. Ele mbrou que na quarta semana do ano, foram contabilizados 47.785 casos, com um salto de 958% na região Sul e uma previsão de até 1.960.460 casos em 2024, segundo o Ministério da Saúde.
A suspensão do pagamento de multas pela empreiteira Novonor, antiga Odebrecht, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, também foi lembrada pelo economista. O acordo previa o pagamento de R$ 8,512 bilhões em 23 anos.
A alta corrupção no país não ficou de fora da análise. Ele descreve em sua postagem que Brasil caiu 10 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2023, alcançando a 104ª posição, com 36 pontos, representando um ponto negativo na tomada de decisões do governo federal, devido o enfraquecimento dos sistemas de Justiça como um fator contribuinte.