Redação Rios
RIO – A comunidade do Complexo da Penha, na zona Norte do Rio de Janeiro, amanheceu nesta quarta-feira, 29/10, recolhendo corpos das vítimas da megaoperação policial que ocorreu contra a facção Comando Vermelho (CV).
Pelo menos 60 corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira. Segundo a Defensoria Pública do Rio, a ação deixou 134 mortos, entre suspeitos e policiais.
O ativista Raull Santiago, diretor do Instituto Papo Reto, afirmou em uma publicação no Instagram que os corpos foram encontrados em uma área de mata na Serra da Misericórdia.
Leia também: Moradores levam ao menos 60 corpos para praça após operação mais letal do Rio
‘Vocês matam com a caneta’
Em frente à fila de corpos, moradores relataram o desespero e a dor de encontrar parentes entre as vítimas. “Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, afirma Jéssica.
“Vou falar o que? Vou falar o que eu estou perguntando para todos. Governador, me responde o que é certo para você? Isso aqui não é certo. Você mandou para fazer essa chacina. Isso aqui não foi operação, isso foi chacina”.
“Você não aguentaria um dia do que o favelado vive. Aqui tem trabalhador, aqui tem guerreiro. Tem bandido, tem? Mas tem bandido melhor do que os de terno e gravata. Vocês matam com a caneta”.
O depoimento de Jéssica foi aplaudido por demais moradores da comunidade. Durante a entrevista, diversos moradores gritaram: “Toda vida importa”.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) disse na terça-feira, 28, que a megaoperação das polícias Civil e Militar do Estado, com apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro, contra integrantes do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, deixou 64 mortos – destes, quatro eram policiais. Não há a confirmação de que os corpos localizados na Serra da Misericórdia constam nesse número ou se são outros, o que elevaria o número de mortos.
Procurados desde o início desta quarta, a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro não responderam a tentativa de contato da reportagem.
*Com informações da Agência Estado











