Elen Viana – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A música utilizada como terapia pode complementar o tratamento de pacientes com diversos tipos de transtornos e tem sido cada vez mais utilizada. Neste domingo, 15 de setembro, é celebrado o Dia Nacional da Musicoterapia.
A música é capaz de reduzir a ansiedade em até 65%, além de provocar um efeito calmante de até 35% em situações agradáveis, ou seja, sem estresse, segundo estudos do National Geographic Brasil.
Especialistas ouvidos pelo Portal RIOS DE NOTÍCIAS enfatizam que a musicoterapia pode ser uma estratégia eficaz para lidar com questões emocionais e psicológicas, como ansiedade e depressão.
De acordo com a psicóloga Ketlen Nascimento, a área vem ganhando notoriedade, porém ainda existe a necessidade de mais divulgação sobre os benefícios da prática.
“Em sessões individuais ou em grupo, com a musicoterapia ativa ou passiva, que podem envolver desde crianças, jovens, adultos ou idosos, as melodias estimulam o cérebro. Assim, acontece a liberação de dopamina, ajudando no humor e na criatividade dos pacientes. A música é fundamental e auxilia no processo de recuperação e bem-estar, oferecendo uma série de benefícios”, enfatiza a especialista.
Os instrumentos musicais mais utilizados durante as sessões são os fáceis de tocar, podendo ser de percussão, sopro ou teclas. Alguns exemplos dos instrumentos empregados são: pandeiro sem pele, meia-lua, atabaque, surdo, caixas, guisos, caxixi, pratos suspensos, teclado e violão.
Tratamento para pacientes oncológicos
O psicólogo da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Cecon), Sérgio Sousa aborda o uso da musicoterapia no tratamento dos pacientes oncológicos.
“A musicoterapia tem um papel importante no tratamento. Ela pode ser usada como recurso ou estratégia para ajudar a lidar melhor com questões emocionais. Por exemplo, pacientes oncológicos apresentam alterações de humor, e a musicoterapia contribui para melhorar a disposição e reduzir o estresse”, afirma o psicólogo da Fundação Cecon, Sérgio Sousa.
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O psicólogo ressalta que esse tipo de terapia é utilizado em casos de reabilitação para incentivar o desenvolvimento de várias habilidades, dentre elas, a comunicação e a aprendizagem, além de destacar que a música ajuda a tranquilizar os pacientes.
“Nós fazemos esse trabalho na sala de espera da radioterapia com pacientes com câncer. Após ouvirem a música, eles se tranquilizam, diminuindo a ansiedade. Está comprovado que a música é capaz de aliviar a ansiedade; ela interfere também na batida cardiovascular, no sistema respiratório e na tonicidade muscular”, explica Sousa.
Desafios e evolução
Além dos benefícios, a musicoterapeuta Nadja Hoyos explica como é trabalhar na área e os desafios que enfrenta no dia a dia.
“É desafiador, mas ver a evolução deles a cada sessão não tem preço. Esse é meu propósito de vida! Sou extremamente apaixonada pela minha profissão e pelos meus pacientes. Eu já tive um paciente autista nível 2 de suporte não verbal, que começou a fazer musicoterapia comigo e, depois de oito meses, ele começou a cantar as canções. Ele não falava, mas já conseguia cantar, o que foi um progresso enorme”, diz ela.
“Hoje, com um ano e meio de terapia, ele já consegue verbalizar. Não só repete as coisas que falamos, mas também é capaz de responder tranquilamente, mostrando um grande avanço na comunicação. Conseguimos trabalhar toda a parte cognitiva dele, incluindo foco, atenção e concentração. Esse tipo de evolução é um dos maiores resultados que podemos observar com a musicoterapia”, complementou Hoyos.
Estudo
De acordo com o estudo da National Geographic Brasil, há evidências convincentes de que o tratamento especializado com música pode melhorar a convivência de pacientes com doenças como o Parkinson, incluindo melhorias em sua capacidade de andar e falar.
Além disso, há evidências de que a música contribui para a recuperação de pacientes após um acidente vascular cerebral (AVC), e o canto, especificamente, tem sido utilizado para auxiliar na recuperação das funções de linguagem.