Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O mês de agosto de 2023 registrou o dia mais quente dos últimos 47 anos para o período na capital amazonense. Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que a temperatura máxima no dia 25 de agosto de 2023 chegou a 38° na cidade.
O valor superou os 37,6° registrados em agosto de 1976 em Manaus. O balanço do Inmet também identificou temperaturas mínimas bastante elevadas para o mês de agosto.
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No dia 23 de agosto a temperatura mínima atingiu 29,2°, sendo a maior em 34 anos. Conforme o instituto, a média mínima, este ano, para o mês de agosto foi de 26,9°, e a média máxima de 35,7°. Já a menor mínima foi de 25,4° registrada em 4 de agosto.
Chuvas
O volume de chuvas em agosto foi menor em comparação com a média climatológica registrada para o período de 1991 a 2020. O total de chuva que caiu na capital amazonense corresponde a 32% da média de 56,1 mm. De acordo com o Inmet, o mês registrou apenas um dia de chuva.
“Esse valor, registrado no dia 3, foi o maior acumulado em 24 horas na capital do Amazonas, que teve apenas 1 dia de chuva no mês. Já na estação meteorológica automática o total de chuva mensal foi de 18,0 mm”
Inmet

El Niño
Conforme o meteorologista Glauber Cirino, professor da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará, a alta temperatura registrada no dia 25 de agosto deste ano e o pouco volume de chuvas em Manaus estão relacionados, de uma forma mais geral, ao fenômeno El Niño, quando ocorre o aquecimento anormal das águas do oceano pacífico.
Ele também destaca que há outros fenômenos de escalas menores que influenciam no aquecimento da temperatura no Estado.
“Quando a gente fala de El Niño, a gente mexe com a circulação de Walker, que é uma circulação que vai produzir subsidência nesta região da Amazônia, incluindo o Estado do Amazonas e o Pará. A subsidência é o movimento descendente das massas de ar. Isso faz a supressão de nuvens. Então, se você não forma nuvens você não faz chuva”, explica o professor da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará, Glauber Cirino.
Com base no último boletim divulgado pela Organização meteorológica de Mundial (OMM), o meteorologista ressalta que a expectativa para os próximos anos é de um período seco mais extenso no Amazonas. “A redução das chuvas, que é sempre esperada para este período, vai se intensificar”.
Conforme Glauber, a redução do volume de chuvas e a perda do fluxo de umidade deixam o ar mais seco. Como consequência, o fenômeno natural como El Niño também influencia nas queimadas na Amazônia.
“Você vulnerabiliza mais as florestas ao fogo e condiciona a queimada ilegal, pois é mais fácil de queimar. Por isso o governo precisa entrar com medidas mais rigorosas especialmente nestes próximos anos porque vamos viver este período de El Niño”, alerta o meteorologista Glauber Cirino.